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🎊📅 As comemorações que giram em torno de determinadas efemérides, quando se completam aniversários de 50, 100, 150, 200, 250, 300, etc. anos de determinados fatos históricos possuem um significado especial ao qual se atribuem sentidos que visam enaltecer personagens ou fazer interpretações convenientes com o momento vigente. É muito comum os grupos que estão no poder se apropriarem dessas efemérides para usarem no seu repertório político-partidário. Foi assim em 1972, por exemplo, quando o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) trouxe para o Brasil os restos mortais de Dom Pedro I durante as comemorações dos 175 anos da Independência, como forma de ressaltar o patriotismo dos militares que tomaram o poder em 31 de março de 1964. O translado dos restos de D. Pedro I partiu de Lisboa em 10 de abril de 1972. Nesta mesma embarcação estavam o presidente português Américo Tomas, que tinha a missão simbólica de entregar o corpo do ex-monarca ao presidente do Brasil, Médici, no dia comemorativo do "Descobrimento", no dia 22 de abril. O corpo veio para o Brasil, mas o coração ficou em Portugal, mais precisamente na Igreja da Lapa, onde está conservado desde 1837, como relíquia, no mausoléu na capela-mor, na cidade do Porto, atendendo ao pedido deixado pelo próprio D. Pedro I em seu testamento. E é justamente este coração que está no alvo das comemorações do Bicentenário da Independência pelo atual governo brasileiro. A ideia é trazer o órgão para o Brasil "emprestado" para ser ovacionado e exibido no próximo dia 7 de setembro como forma de exaltar D. Pedro I e seu brado retumbante às margens do Ipiranga... (mais uma vez uso político de uma efeméride de acordo com as conveniências do grupo que está no poder). As resistências ao envio do coração do primeiro imperador brasileiro estariam na própria Irmandade de Nossa Senhora da Lapa e também de outras autoridades da cidade. Acham que essa operação é arriscada, mesmo que temporário o período de permanência do órgão no Brasil. Esses setores contrários receiam pela delicadeza da execução do translado. Se for autorizado o translado, o coração de D. Pedro I será transportado até Brasília num avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O coração embalsamado do imperador caí como uma luva para um país partidariamente polarizado e ainda por cima num ano eleitoral! Apropriar-se de personagens para envoltá-los numa áurea de patriotismo e nacionalismo não é novidade na história republicana brasileira. Tiradentes foi um herói reabilitado pelos republicanos. Não é por acaso que o atual governo queria trazer o coração petrino para as comemorações do Bicentenário. Eles sabem do apelo patriótico que isso traz para as massas sedentas de símbolos que traduzam seus sentimentos e anseios. Esquecem que Bertold Brecht lembrava como propriedade: "Infeliz do povo que precisa de heróis". 😕🙁😟
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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