sábado, 30 de abril de 2022

30.04.22 - FALTAM 130 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣0️⃣ 🎉🇧🇷

📖🧐 A leitura dos diários dos viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil no início do século XIX, quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, revela traços importantes da sociedade colonial que estava estabelecida no Rio de Janeiro, então capital brasileira. Se hoje temos uma emancipação feminina, com mulheres ocupando vários espaços na sociedade e com direitos que antes lhes eram negados, isso nem se imaginava na época joanina. Nem mesmo entre as famílias mais ricas havia este espaço para exercer a liberdade entre as mulheres, o que chocava os visitantes. Elas viam o mundo por detrás das janelas de suas casas. Permaneciam assim, sempre escondidas, mal podendo ser vistas pelos transeuntes. As ruas e praças eram ocupadas por homens em geral e especialmente pelos escravos. A mulher saía apenas para ir à missa em dias santos. Mesmo assim, mantinha seu rosto oculto sob xales ou pela cortina da cadeirinha (veículo de transporte carregado por escravos). Muitos desses costumes se modificaram profundamente com a instalação de D. João e sua corte no Brasil. 👩‍🦱👊

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi o "Um funcionário brasileiro a passeio com sua família" (1831), de Jean Baptiste Debret, pintada em aquarela sobre litografia.

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sexta-feira, 29 de abril de 2022

29.04.22 - FALTAM 131 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣1️⃣ 🎉🇧🇷

👨‍🎨🖼️ Nascido no município de Areia, Estado da Paraíba, 29 de abril de 1843, portanto há exatos 179 anos, Pedro Américo de Figueiredo e Melo foi um dos artistas de maior destaque no Brasil no final do século XIX e um dos mais importantes pintores acadêmicos brasileiros. É impossível que você não tenha visto em livros ou revistas sua tela mais importante: "O Grito do Ipiranga", que retrata um dos momentos mais importantes da História do Brasil – a nossa Independência. Embora, tenha cometido licenças poéticas questionáveis na concepção do quadro sobre a Independência – já escrevemos sobre isso em postagens anteriores – isso não descredencia sua obra enquanto importante fonte histórica para estudarmos o processo de emancipação política. Demonstrando inclinação pela arte ainda muito jovem, ele estudou na Academia Imperial de Belas Artes, onde mais tarde se tornou professor. Pedro Américo é conhecido por suas obras de conteúdo nacionalista; foi protegido de Pedro II, seus trabalhos eram encomendadas pelo Império num período de pós-independência do Brasil de Portugal e de glorificação da pátria. Com reconhecimento da sua obra ainda em vida, Pedro Américo foi premiado com uma bolsa de estudos na Europa, em 1859. No final do século XIX, o artista fixou-se em Florença(Itália), cidade onde faleceu em 7 de outubro de 1905 aos 62 anos. Pedro Américo se casou em 1869 com a filha do Pintor Manuel de Araújo Porto-Alegre, Barão se Santo Angelo, então cônsul brasileiro em Lisboa e seu antigo professor na Academia Imperial de Belas Artes. Com ela teria dois filhos, Carlota de Figueiredo Cardoso de Oliveira e Eduardo Porto-Alegre de Figueiredo, que deixaram vasta descendência. Curiosamente, outro grande artista brasileiro viria a ser primo dele em terceiro grau: o inesquecível Ariano Suassuna! 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi o detalhe quase despercebido da tela “Batalha do Avaí” (1872-1877), pintada por Pedro Américo, onde ele se autorretratou como o soldado de número 33, no centro do quadro.

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quinta-feira, 28 de abril de 2022

28.04.22 - FALTAM 132 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣2️⃣ 🎉🇧🇷

🌊⛵ Uma das consequências da abertura dos portos brasileiros às nações amigas foi a vinda ao Brasil de um grande número de comerciantes, cientistas, e curiosos de várias partes do mundo. Alguns desses estrangeiros deixaram registros escritos de sua passagem pelo país, em sua maioria, sob a forma de diários de viagem, contendo as experiências que vivenciaram durante sua permanência na corte joanina no Rio de Janeiro e em vários lugares da colônia. Muitos desses relatos ou crônicas foram publicados na Europa e traduzidos para diversas línguas, constituindo uma preciosa fonte de informação sobre a realidade brasileira do século XIX. É claro que estes viajantes enxergavam o Brasil com olhos de europeu. Se ainda hoje, com tantos recursos tecnológicos, ainda temos pessoas estrangeiras que imaginam o Brasil como um "país de índios" ou de "belas mulheres semivestidas em busca de prazer", ou que isso aqui se resume a "samba, futebol e carnaval", imaginem então em pleno XIX! Os preconceitos eram bem maiores. Muitos dos costumes adotados na colônia causavam estranheza nos europeus, um desses exemplos, era a forma "antiquada" de vestir da elite carioca em 1808, ano da chegada de D. João ao Brasil. A falta de higiene, os maus modos e a ignorância também eram bastante citados e criticados nesses relatos dos estrangeiros; mas pelo menos uma coisa eles admitiam: a hospitalidade do brasileiro, sempre pronto a acolher os viajantes e estrangeiros. Vale lembrar que o cenário em que estes estrangeiros encontraram o Brasil em 1808 era fortemente marcado pelo escravismo colonial e pelo patriarcalismo nas relações familiares e sociais. A chegada da corte portuguesa ao Brasil modificou muitos desses hábitos e costumes da sociedade carioca da época. 👑⚜️

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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quarta-feira, 27 de abril de 2022

27.04 22 - FALTAM 133 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣3️⃣ 🎉🇧🇷

⚰️💀⚰️ Quantos morreram no processo de emancipação política do Brasil? Nunca saberemos o número exato, mas sabemos que foram centenas, mas a História, ou melhor, os republicanos atribuem apenas a Tiradentes o título de "mártir da Independência". Se formos analisar mesmo quem deu, ou perdeu, a vida por causa dessa ideia subversiva nos tempos coloniais remontaremos a Bernardo Vieira de Melo, autor da proposta de tornar Olinda uma República em 10 de novembro de 1710, ainda que nos moldes de uma república italiana, feito este eternizado no Hino de Pernambuco quando se canta que "a República é filha de Olinda". Ele foi preso e mandado a ferros para Lisboa, onde morreu asfixiado dentro da cela após acender um lampião a óleo de baleia em 1714. Poderíamos dizer que Bernardo Vieira de Melo foi o primeiro mártir da Independência do Brasil? O debate é longo, tão quanto a lista de pessoas que tombaram, ou melhor, foram tombadas por enforcamento, arcabuzeamento (falar em fuzilamento no século XVIII é meio anacrônico historicamente falando), esfacelamento (quando cavalos puxavam o corpo do condenado em sentidos diferentes e dilaceram a vítima) ou mesmo nos combates entre brasileiros, mazombos, colonos contra os portugueses, pés-de-chumbo, marinheiros como eles eram chamados. Manuel Faustino dos Santos Lira, João de Deus Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Luís Gonzaga das Virgens (da Conjuração Baiana); Domingos José Martins, Domingos Teotônio, João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (padre Roma), Miguel Joaquim de Almeida e Castro (frei Miguelinho), José de Barros Lima (Leão Coroado) – que participaram da Revolução Pernambucana de 1817 –, além da Sóror Joana Angélica, assassinada na Bahia por tropas portuguesas, são alguns dos nomes que devem ser lembrados quando se fala em mártires da Independência, além é claro de Tiradentes (não se nega que ele também tenha morrido pela causa emancipacionista). Uma das mentiras propagadas e admitidas é que a Independência do Brasil foi pacífica. Ledo engano. A liberdade custou a vida de muitos e o sangue derramado de centenas de brasileiros. 🖤😭✝️

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terça-feira, 26 de abril de 2022

26.04.22 - FALTAM 134 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣4️⃣ 🎉🇧🇷

🤴⚜️ Já se passaram 13 anos que D. João VI e a corte portuguesa chegaram ao Brasil fugindo das tropas de Napoleão que invadiram Portugal em 1807. O tempo passou rápido para o então príncipe-regente. A presença de D. João no Brasil é fundamental para entender o processo que resultou na nossa Independência. Era a primeira vez que uma corte europeia se instalava numa colônia. E com a corte no Brasil, muita coisa mudou. D. João encontrou um país cujo monopólio comercial impedia que se comercializasse com outros povos. Quando saiu, deixou um país com portos abertos às nações amigas. Quando chegou ao Brasil em 1808, encontrou mais uma das inúmeras colônias portuguesas no além-mar. Quando saiu, deixou o país no mesmo patamar de Lisboa, com a elevação a Reino Unido em 1815. Por ele ficaria mais tempo na colônia, mas a Revolução Liberal do Porto em 1820 exigiu seu retorno à Portugal, que não estava mais sob domínio napoleônico, agora eram os britânicos que ditavam as regras, e isso enfureceu os portugueses que pleitearam a volta da família real e o juramento à uma nova Constituição, que limitasse os poderes dos Braganças. A vida pessoal de D. João também mudou no Brasil. Viu sua mãe, D. Maria I, morrer em 1816; o casamento que já não ia bem, piorou e muito, com muitas desavenças entre ele e Carlota Joaquina. A volta à Portugal seria apenas uma das muitas amarguras que o destino reservou ao jovem rei, agora coroado como D. João VI. Antes de ir embora, faltava aquela conversa sincera de pai e filho. D. João VI, como grande estrategista que era, sabia que a emancipação do Brasil seria inevitável, que o processo já havia começado, e bastava saber quem estaria na liderança dos fatos que estavam por vir. A orgulhosa casa de Bragança havia trazido para o Brasil o desenvolvimento nunca antes experimentado na colônia, mas agora cobrava seu preço no espólio das revoluções libertárias das colônias americanas. Era necessário "mudar para deixar do jeito que está". E a pessoa certa no lugar certo naquele momento histórico do país era seu próprio filho, ao qual caberia levar o país à Independência política sem perder os laços com Lisboa. Imagine a cena em que pai e filho se entreolham e dos lábios de D. João VI saem as seguintes palavras: "Filho, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar; do que para algum desses aventureiros". Três dias depois, ele embarcava rumo à Europa, há exatos 201 anos, completados hoje, dia 26 de abril de 2022. Eles, João e Pedro, pai e filho, nunca mais se veriam. 😞😓😥😢😭

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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segunda-feira, 25 de abril de 2022

25.04.22 - FALTAM 135 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣5️⃣ 🎉🇧🇷

👊💄👠 É injusto citar D. João VI no processo de emancipação política do Brasil, sem mencionar sua esposa: CARLOTA JOAQUINA, ou melhor Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon, filha da princesa Maria Luisa de Parma, esposa do príncipe das Astúrias, Carlos, filho do rei Carlos III. E teve a sorte de ter o primeiro filho do casal que sobreviveu à infância. As expectativas para que fossem um garoto eram muito grandes, mas veio ao mundo uma pequena infanta, batizada de Carlota, em homenagem ao pai e ao avô. Embora as mulheres não estivessem excluídas da linha de sucessão ao trono espanhol, o nascimento de uma garota antes de um herdeiro varão sempre constituía alguma frustração para os pais da criança. Algarves. Com apenas 10 anos, ela teve seu casamento arranjado com o futuro Dom João VI. Em 1807, quando Portugal foi invadido, o casal veio ao Brasil e durante governo do rei no Brasil, Carlota mostrou muito de sua conturbada personalidade. Com a Revolução do Porto em 1820, D. João VI decidiu retornar para Portugal com sua família real e sentindo que sua morte estava próxima, nomeou um conselho de regência para sua sucessão, presidido por sua filha Isabel Maria de Bragança. Assim, Carlota Joaquina estava fora da linha sucessória, algo inédito na história. Carlota retirou-se da vida pública após tentar emplacar D. Miguel, seu preterido, como o novo rei de Portugal – quem ficou mesmo com o trono foi D. Maria da Glória, filha de D. Pedro I. Ela permaneceu rejeitada em seu retiro no Palácio de Queluz até o fim de seus dias, sem dinheiro para manter a casa e seu vestuário. Era a sombra da brilhante infanta que encantava os membros de nova família com sua espontaneidade e inteligência, ou da princesa imperiosa, que sonhou em se tornar rainha do Prata... Teria ela se matado? Os boatos da época afirmavam que ela havia misturado chá com arsênico, embora o laudo médico diga que foi devido a uma “doença no útero”, provavelmente câncer. D. Carlota veio a óbito no dia 7 de janeiro de 1830, poucos meses antes de completar 55 anos de idade. E seu nascimento completa hoje, 25 de abril de 2022, 247 anos. A cineasta Carla Camurati a retratou estereotipadamente no seu filme "Carlota Joaquina, Princesa do Brazil" (BRA, 1995) com a brilhante Marieta Severo como protagonista. Longe dos atributos maldosos a seu respeito, Carlota Joaquina tinha um temperamento diferenciado em relação às demais rainhas de seu tempo. Foi ousada, decidida, imperiosa, e obstinada. Não quis ficar apenas à sombra do esposo, D. João VI. Talvez por isso seja ao mesmo tempo amada e odiada, porém nunca esquecida. Quem sabe algum dia se resgate o papel dela no conturbado processo que deu origem ao rompimento do Brasil com Portugal. 👸⚜️👑

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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domingo, 24 de abril de 2022

24.04.22 - FALTAM 136 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣6️⃣ 🎉🇧🇷

😭⚰️ Mártires e martírios sempre fizeram parte da História das Religiões e Religiosidades, com seus personagens sejam eles reais ou mitológicos carregados de uma aura divina e prontos para dar sua vida para salvar a dos outros. O mais conhecido é o próprio Jesus Cristo, condenado e assassinado pelas autoridades romanas que controlavam Jerusalém na sua época. Quando surgem no campo da História política ou social, carregam consigo uma carga de atributos simbólicos para justificar seu lugar no panteão dos heróis que fizeram História (pausa para lembrar que a História é uma construção coletiva, não feita individualmente por "heróis dotados de super poderes"). Em torno desses personagens existe toda uma construção simbólica para transformá-los em mitos, ao qual se misturam Histórias (fatos) e estórias (ficções), muitas vezes entrelaçados e difíceis de se separar um do outro - a tênue linha que separa o real do imaginado é mais oculta do que se pensa. Os franceses tiveram sua Joana D'Arc, os escoceses tiveram seu William Wallace, e nós, brasileiros temos o nosso Tiradentes! O homem, o herói, o mártir, o mito ou apenas um embuste fabricado pelos republicanos? Foi o único a morrer pela Independência do Brasil? Foi o principal líder assassinado no conflito entre colônia e metrópole? Parafraseando Bertold Brecht: "Tantas Histórias, tantas questões". 🤔❓

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sábado, 23 de abril de 2022

23.04.22 - FALTAM 137 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣7️⃣ 🎉🇧🇷

⚖️⛓️ Quando o meirinho entrou na sala de audiências e leu a sentença de D. Maria I condenando todos os principais líderes da Conjuração Mineira (ao todo dez que ainda estavam vivos – Cláudio Manoel da Costa foi encontrado morto na cadeia) à morte, a sensação de dor e desespero tomou conta dos condenados. Alguns maldizendo o próprio Tiradentes, que teria reagido com uma singela frase: "se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria". Mas tudo não passava de uma grande pantomima forjada para ganhar louros para D. Maria I. Momentos depois, um novo anúncio: a piedosa rainha de Portugal, num gesto de misericórdia real, comutava (mudava) todas as penas: de morte para degredo (alguns perpétuos, outros temporários), com exceção de um prisioneiro: TIRADENTES! Há quem diga que alguns condenados gritaram vivas à D. Maria I! A execução se deu no Rio de Janeiro, na Praça da Lampadosa (atual Praça Tiradentes) em 21 de abril de 1792. Ao contrário da imagem imortalizada na obra de Pedro Américo (o mesmo pintor do "Grito do Ipiranga") Tiradentes não usava barbas, nem foi executado com longos cabelos – todo condenado à forca tinha os cabelos abaixados para facilitar o enforcamento. A imagem construída em torno de Tiradentes lembra muito as feições do próprio Jesus Cristo, e isso não foi por acaso. A ideia era mesmo mostrá-lo como alguém que, a exemplo de Cristo, deu sua própria vida para "salvar" seu povo. E isso foi idealizado pelos republicanos, isso mesmo, durante anos o nome de Tiradentes foi proscrito dos Anais da História pelos próprios monarquistas, afinal não ficava bem lembrar de um rebelde que foi condenado à morte pela bisavô de D. Pedro II. Coube aos republicanos de 1889, responsáveis pela queda da Monarquia e proclamação da República, reabilitar o nome de Tiradentes e elevá-lo ao panteão de herói nacional, cujo nome está escrito no livro de aço dos Heróis e Heroínas da Pátria em Brasília e com direito a um feriado nacional para chamar só de seu. O sonho de Tiradentes, de ver um país livre dos portugueses, seria realizado vinte anos depois, mas por um herdeiro do trono português: Pedro de Alcântara Bragança e Bourbon. 🤴⚜️

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sexta-feira, 22 de abril de 2022

22.04.22 - FALTAM 138 DIAS PARA O BICENTENARIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣8️⃣ 🎉🇧🇷

📖⚖️ A leitura dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, ou pelo menos de alguns trechos dele, nos dá a ideia de como a Coroa Portuguesa tratou a primeira revolta colonial cujos protagonistas eram membros privilegiados da sociedade colonial. O processo judicial se arrastou por dois longos anos, e sua morosidade se deveu ao fato de que duas comarcas reivindicavam a primazia sobre as investigações: Vila Rica e Rio de Janeiro. As versões que cada uma apresentava se contradiziam e tornava a vida dos prisioneiros, em sua maioria encarcerados na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, um verdadeiro suplício. Ainda em na Cadeia Pública de Vila Rica (atual Museu dos Inconfidentes), a morte do jurista Cláudio Manoel da Costa suscitou dúvidas, pois foi encontrado enforcado em sua cela. Suicidou-se ou foi "suicidado"? Dias antes Cláudio havia delatado num de seus depoimentos a participação de pessoas ilustres de Vila Rica, ligadas ao próprio Visconde de Barbacena. Tiradentes escolheu como estratégia de defesa negar sua participação na conjura. Inútil. Todas as provas se voltavam contra ele. Mudou de discurso, e atribuiu sua culpa a uma sucessão de iniciativas frustradas ao longo de sua carreira pessoal. Não adiantou muito. D. Maria I, mãe de D. João VI, a qual ficaria conhecida como "A Louca" queria culpados e punições. A Coroa queria dar aos brasileiros uma demonstração de força e mostrar que ainda tinha pulso forte sobre a colônia e seus domínios além-mar. 😨😤

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quinta-feira, 21 de abril de 2022

21.04.22 - FALTAM 139 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣3️⃣9️⃣ 🎉🇧🇷

🥴🥃 O entusiasmo de Tiradentes só não era menor do que sua imprudência em propagar a conjura que se daria no dia em que o Visconde de Barbacena anunciasse a nova derrama. Boêmio por natureza e apreciador dos bons licores e vinhos, o mártir da Independência fazia das mesas das tavernas seu palanque panfletário. Apesar de ter entrado para a historiografia oficial como o traidor da Inconfidência, Joaquim Silvério dos Reis, não foi o único (nem o primeiro) a delatar os planos do alferes ao governador, que conhecedor da - má - fama de Tiradentes teria exclamado: "Tiradentes liderando uma revolta? Só se for um levante de put...🤬". E não foi difícil para ele desmontar a articulação dos conspiradores. Bastou suspender a derrama e começar a prender, sem precisar disparar um único tiro, todos os envolvidos na conjura. O que surpreendeu ao governador e à própria Coroa portuguesa é que dessa vez não foram pobres, colonos, ou escravos que se levantaram contra a dominação colonial, mas gente rica, ilustrada, letrada, membros da elite mineira, que abraçaram a causa republicana. Não que Tiradentes fosse um pobre perdido nesse meio. Ele era apenas o que tinha menos posses e propriedades dos demais. Nem precisa imaginar de que lado os laços impiedosos da repressão lusitana vão apertar! 👨‍✈️😨⚖️

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quarta-feira, 20 de abril de 2022

20.04.22 - FALTAM 140 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣0️⃣ 🎉🇧🇷

🌞🪢 Era 21 de abril de 1792, e sob escaldante do Rio de Janeiro, um prisioneiro aguardava horas pela sua execução. Seu crime: lutar para libertar o Brasil do jugo português. Sua pena: a forca!. Seu nome: Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes. O movimento liderado por ele é conhecido como Inconfidência Mineira. Este movimento fez parte das chamadas Revoltas Coloniais, que tinham como objetivo separar o Brasil de Portugal proclamando de vez a nossa emancipação política. Fazem parte deste conjunto de Revoltas: a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana de 1817. A insatisfação dos mineradores com os altos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa sobre a produção de ouro e os receios de uma nova cobrança forçada dos impostos atrasados, a temida derrama, impulsionaram padres, escritores, poetas, advogados, militares de baixa patente, todos membros da elite mineira a conspirarem contra o domínio português. Inspirados pelos ideais iluministas europeus e pelos resultados libertários nas colônias americanas do norte, que conquistaram sua independência dos britânicos, os conjurados mineiros defendiam a emancipação política da região das minas com a adoção de um regime republicano. Dentre as pautas colocadas pelo grupo estavam mudar a capital de Vila Rica para São João Del Rey, fundar uma universidade em Vila Rica, conceder auxílio às famílias numerosas, instituir o serviço militar obrigatório, instalar manufaturas. A abolição da escravatura era defendida por alguns conjurados, haja vista a maioria possuir numerosos escravos. A frente do grupo estava o alferes Joaquim José da Silva Xavier, tropeiro, minerador, e que fazia pequenas cirurgias dentárias (daí o apelido de Tiradentes). Eles escolheram uma bandeira, onde sob o fundo branco se coloca um triângulo ladeado com as palavras do poeta virgílio "libertas quæ sera tamen" (Liberdade ainda que tardia). O dia escolhido para o motim seria quando Visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais, decretasse a derrama. Tudo estava pronto. Até a senha estava escolhida: "hoje é o dia do batizado". E seria um batizado... mas de sangue! 😠😤

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terça-feira, 19 de abril de 2022

19.04.22 - FALTAM 141 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣1️⃣ 🎉🇧🇷

📝⏳ O historiador Luiz Felipe de Alencastro, em artigo, para o segundo volume da coleção História da Vida Privada no Brasil (publicada pela Editora Companhia das Letras) cita que o Rio de Janeiro "era refúgio da legalidade monárquica no novo mundo", e tal fato a tornava destino de setores ligados à monarquia espanhola que corriam de colônias revoltosas e republicanas. Sem contar o fluxo de africanos: a baía de Guanabara, segundo Alencastro, transformara-se no "maior terminal negreiro da América Latina". Ainda assim, de acordo com dados dos censos, o número de habitantes livres havia mais que dobrado em 20 anos, e chegava a 46 mil pessoas. O Rio de Janeiro, portanto, era uma cidade cosmopolita, com ligações com as metrópoles europeias, com a nobreza desalojada da América Latina de língua espanhola e com a África e seus poderosos traficantes de escravos. A cidade que abrigou a corte portuguesa ainda hoje preserva conjuntos arquitetônicos notáveis, como o Largo do Paço, por exemplo. O Chafariz do Mestre Valentim, projetado por Valentim da Fonseca e Silva, retratado em uma das aquarelas de Jean Baptiste Debret, continua por ali no que hoje é a praça XV, no centro histórico do Rio. 🏩🏢💒

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🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi o Chafariz do Mestre Valentim.

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segunda-feira, 18 de abril de 2022

18.04.22 - FALTAM 142 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣2️⃣ 🎉🇧🇷

🧑‍🎨🎨 Numa época em que a fotografia ainda nem existia e arte da filmagem ainda nem se imaginava, cabia à Arte, mais precisamente às artes plásticas retratar o cotidiano das pessoas e consequentemente sua presença na História. E ninguém soube retratar tão bem o Rio de Janeiro do começo do século XIX do que o francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). É impossível que você não tenha visto alguma pintura feita por ele nos livros de História. Debret ao chegou ao Brasil em 1816, oito anos depois de dom João VI, como integrante da missão artística francesa. Ao longo de uma década e meia, tempo em que viveu no país, ele produziu o que é considerado o melhor retrato do período joanino. Juntamente com Debret, faziam parte da missão artística francesa os pintores Nicolas-Antoine Taunay, os escultores Auguste-Marie Taunay, Marc e Zéphryn Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny. Esse grupo organizou, a partir de agosto de 1816, a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, transformada, em 1826, na Imperial Academia e Escola de Belas-Artes, da qual Debret foi professor. Além de ser pintor da corte no Brasil, Debret realizou viagens pelo país, representando suas paisagens e costumes. Em 1818, em parceria com o arquiteto Grandjean de Montigny, realizou a ornamentação das ruas da cidade do Rio de Janeiro para a aclamação de D. João VI. De volta à França (1831) ele publicou os três volumes de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839), documentando aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no início do século XIX. Dentre os trabalhos de Debret, destacam-se “Caboclo” (182-1830), “Regresso deu um proprietário” (1816) e “Retrato de D. João VI” (1817). Coube também a Debret o mérito de ter sido o desenhista da bandeira imperial brasileira, a primeira bandeira da história do Brasil independente, que serviu como base para definir as cores e formas geométricas da atual bandeira do Brasil. Este personagem importantíssimo para a História brasileira completa hoje, 18 de abril de 2022, seus 254 anos de nascimento. 🎉🎂

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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domingo, 17 de abril de 2022

17.04.22 - FALTAM 143 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣3️⃣ 🎉🇧🇷

🎋💰 A capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, como consequência da ascensão do ciclo da mineração e da decadência da agromanufatura açucareira no nordeste após a expulsão dos holandeses de Pernambuco em 1654. O Rio de Janeiro que esperava a corte portuguesa em 1808 ainda não era a "cidade maravilhosa" necessariamente falando, estava mais para uma aldeia mesmo, espremida entre o morro de São Bento, o morro da Conceição e o extinto morro do Castelo, que foi demolido em 1922. Havia alguns poucos prédios reais, igrejas, casas e suas ruas eram estreitas e sujas, cheias de ratos e urubus. A expectativa de vida não passava dos 40 anos e a população estava estimada em 60 mil habitantes, sendo 20 mil deles escravizados (um terço, portanto da população); só para efeitos de comparação essa gente hoje caberia toda com folga no estádio do Maracanã. O estilo de vestir da elite vinha da moda francesa, com roupas pesadas e várias camadas, e em alguns casos com perucas para mulheres e homens, vestuário incompatível com o calor dos trópicos. A questão em aberto era como abrigar os 15000 portugueses que estavam chegando com D. João e sua família real. A solução encontrada foi confiscar dos colonos as melhores casas que foram desocupadas para dar moradia aos lusitanos do além-mar. As casas escolhidas recebiam nas portas a inscrição "P.R.", cujo significado é "Propriedade Real", mas a população revoltada (e com razão, diga-se de passagem) as traduziam como "Prédio Roubado", "Propriedade Roubada" ou "Ponha-se na Rua"! 😠😤

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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sábado, 16 de abril de 2022

16.04.22 - FALTAM 144 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣4️⃣ 🎉🇧🇷

⛵📜 A Abertura dos Portos brasileiros às Nações Amigas, assinada em 28 de janeiro de 1808, no Senado da Câmara de Salvador, foi um passo importante rumo à emancipação política do Brasil. O documento que autorizava a importação "de todo e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportadas em navios estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmonia com a Real Coroa" foi articulado por José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairu, na prática, acabou com três séculos de monopólio comercial português sobre a colônia, um dos pilares do mercantilismo adotado pelas monarquias nacionais europeias durante os séculos XVI-XVIII. A Abertura dos Portos já era dada como certa antes mesmo da partida da família real de Lisboa em 1807, pois fora uma das exigências dos ingleses para escoltar a esquadra que traria a família real para o Brasil negociadas com o embaixador português D. Domingos de Sousa Coutinho. A Inglaterra foi a mais beneficiada com a Abertura dos Portos, pois vivia na época um intenso processo de industrialização e o Brasil serviu como um amplo mercado para os produtos ingleses. A concorrência desleal acabou por minar qualquer tentativa de formar no Brasil uma expansão manufatureira. Os laços econômicos entre lusos e britânicos, que vinham desde 1703 com o Tratado de Methuen foram ainda mais reforçados com o Treaty of Cooperation and Friendship” (Tratado de Cooperação e Amizade) assinados em 1810 com a Inglaterra, que estabeleciam as seguintes taxas alfandegárias: 15% para produtos ingleses, 16% para os portugueses e 22% para os demais países. As vantagens dos produtos ingleses sobre os demais acabaram sufocando as manufaturas brasileiras e dando grandes prejuízos aos cofres lusitanos também. Sobre esse tratado assim se pronunciou o diplomata português Pedro de Sousa Holstein (duque de Palmela): “Na forma e na substância, é o mais lesivo e o mais desigual (tratado) que jamais se contraiu entre duas nações independentes”. Após a emancipação política de 1822, D. Pedro I retificaria esse tratado de 1810, uma das exigências dos ingleses para reconhecer a nossa Independência. Saímos da dependência colonial portuguesa, mas caímos no domínio capitalista inglês. 💰💸

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sexta-feira, 15 de abril de 2022

15.04.22 - FALTAM 145 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣5️⃣ 🎉🇧🇷

⛈️😠🌧️ Apesar do embarque ter sido no dia 27 de novembro de 1807, apenas dois dias depois, por causa do mau tempo, a esquadra que levava a família real portuguesa pode deixar o porto de Belém rumo à sua colônia além-mar no Brasil. Foram 54 dias de uma verdadeira epopéia marítima, cercada de vicissitudes e adversidades, afinal era a primeira vez que uma corte europeia se transferia por completo para uma colônia. A esquadra portuguesa era formada por 8 naus, 3 fragatas, 2 brigues, 1 escuna e 1 charrua. Acompanhavam-na 4 naus inglesas e mais 30 navios mercantis. Na embarcação Príncipe Real, a maior delas, cuja tripulação era de 1054 pessoas, viajavam D. João, D. Maria I, os herdeiros Pedro e Miguel, e o capitão inglês Sir Sidney Smith. D. Carlota Joaquina e as três filhas viajavam na Nau Afonso de Albuquerque. A tripulação estava estimada em aproximadamente 15000 pessoas, que enfrentaram vários problemas durante a viagem, desde a falta de víveres, passando por tempestades até uma infestação de piolhos, que obrigou as mulheres à bordo chegaram ao Brasil quase carecas (e as brasileiras passaram a imitar, pensando tratar-se da "última moda europeia"). Antes de chegar ao Rio de Janeiro, que era o destino final, a caravela da família real fez uma parada em Salvador, desembarcando no dia 22 de janeiro de 1808. Ainda no primeiro dia de sua estada na antiga capital brasileira, João de Saldanha da Gama apresenta a D. João, José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairu, entusiasta do liberalismo inglês propagado pelo escocês Adam Smith, pai da doutrina liberal moderna e autor de "A Riqueza das Nações". O resultado desse encontro foi a costura de um acordo que mudaria para sempre as regras do antigo pacto colonial: a Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas, assinada no dia 28 de janeiro de 1808. 📜⛵

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quinta-feira, 14 de abril de 2022

14.04.22 - FALTAM 146 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣6️⃣ 🎉🇧🇷

😭🌒 A madrugada do dia 27 de novembro de 1807 entraria para a História como uma das noites mais dramáticas e angustiantes para os portugueses. Com o exército francês de 6000 homens comandados pelo general Junot às portas de Lisboa, centenas de pessoas se aglomeravam no cais em busca de um lugar num dos dezesseis navios que levariam a família real portuguesa para o Brasil. Era a primeira vez que uma corte europeia se instalaria numa colônia. A assinatura do Tratado de Fontainebleau em 27 de outubro de 1807, um acordo onde franceses e espanhóis se alinhavam para invadir e ocupar Portugal, dividindo-o entre si, acelerou o processo de transferência da corte de Lisboa para o Brasil. No desespero da fuga, até o ouro dos altares das igrejas foi raspado e centenas de caixas com livros da Biblioteca Real foram deixadas no porto. Num momento de insanidade, quando todos pareciam loucos, apenas uma louca teve a coragem de dizer a verdade: "não corram, não corram, vão pensar que estamos fugindo"! (palavras de D. Maria I, a Louca). Apesar do embarque no dia 27 de novembro, apenas no dia 29 a esquadra seguiu viagem, enquanto Lisboa era atacada pelas tropas francesas de Junot. A população portuguesa ficou entregue à própria (má) sorte e gritava à plenos pulmões que D. João não passava de um rei covarde e fujão. Apesar disso, Napoleão escreveria anos mais tarde em suas memórias que "Dom João foi o único monarca que conseguiu me enganar". Odiado pelo seu próprio povo, estimado por um inimigo, e aclamado por um povo do qual ele era o príncipe do país colonizador. Quantas facetas cabem num único personagem, ao qual lhe atribuem jocosos defeitos: néscio, glutão, avesso à sexo, etc..., mas que foi capaz de conduzir uma corte inteira além-mar rumo à uma colônia distante, salvando a si mesmo e a casa dinástica dos Braganças?🤔 👑

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🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi "Embarque do Príncipe Regente para o Brasil", pintura de Nicolas-Louis-Albert Delerive (1807)

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quarta-feira, 13 de abril de 2022

13.04.22 - FALTAM 147 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣7️⃣ 🎉🇧🇷

🇬🇧❌ A imposição do bloqueio continental, a estratégia usada por Napoleão Bonaparte para sufocar a economia inglesa, impedindo os países europeus e suas colônias de abrirem seus portos aos navios britânicos deixou D. João numa situação bastante desconfortável. Embora soubesse do poderio das forças bélicas napoleônicas e da possibilidade real de uma invasão caso se recusasse a obedecer ao imperador francês, era impossível romper os laços econômicos que existiam entre Lisboa e Londres desde os tempos do Tratado de Methuen – Tratado dos Panos e Vinhos (1703). A priori, ele procurou ganhar tempo, adotando uma posição de suposta neutralidade no embate entre França e Inglaterra. A ideia era preparar a corte para a aventura mais audaciosa já imaginada: sua transferência para longe de Lisboa, em qualquer colônia portuguesa além-mar. E o Brasil era a opção mais adequada. Estava muito além do alcance das tropas napoleônicas e era a colônia mais próspera dos portugueses. O desafio era a logística que precisariam para singrar pelo Atlântico com uma comitiva de aproximadamente dez mil pessoas (as estatísticas são bastante imprecisas – alguns falam entre 8000 até 15000 pessoas envolvidas nessa travessia). O problema não era apenas de navegação, afinal disso os portugueses entendiam bem até demais. A questão era de segurança também. Os franceses não tinham uma boa marinha de guerra, mas não faltavam corsários que de bom agrado não recusariam o convite de um ataque a uma esquadra com as pessoas mais importantes de Portugal. Enquanto o tempo corria, D. João deu sua primeira jogada nesse xadrez de intrigas e poder no tabuleiro geopolítico europeu: em 22 de outubro de 1807 conseguiu em reunião secreta a escolta dos ingleses para fazer a travessia do Atlântico. A sorte estava lançada! A demora agora seria arrumar as malas e preparar a vinda (ou fuga, se preferirem) para o Brasil. 😌⛵

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terça-feira, 12 de abril de 2022

12.04.22 - FALTAM 148 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣8️⃣ 🎉🇧🇷

🌊⛵Quando Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental (21 de novembro de 1806), Portugal não vivia seus melhores dias. O trono estava interinamente ocupado por D. João, na condição de príncipe-regente, após D. Maria I apresentar sinais de insanidade mental, o qual lhe valeu o epíteto de "A Louca". Seu casamento com a princesa espanhola Carlota Joaquina era um desastre, recheado de intrigas, tentativas de golpe e até mesmo acusações de adultério. A economia portuguesa, outrora pujante e favorecida com o colonialismo dos séculos XVI e XVII começava a dar sinais de exaustão. O capitalismo comercial sustentado pela política mercantilista das monarquias nacionais cedia espaços para o nascente capitalismo industrial impulsionado pela Revolução Industrial Inglesa. As duas economias, lusitana e britânica, estavam ligadas desde 27 de dezembro de 1703 quando ingleses se comprometeram a comprar o vinho dos portugueses, e estes a abrir seu mercado interno para os tecidos produzidos em larga escala pelos ingleses (Tratado de Methuen). Na disputa entre o essencial (tecidos, vestimenta) e o supérfluo (vinho, bebidas) reside a contradição entre importar mais e exportar menos, na prática uma balança comercial desfavorável que quebrou a economia inglesa. Os laços que ligavam o Palácio de Queluz ao Palácio de Palácio de Buckingham eram mais fortes do que o desejo de Bonaparte de impedir que Lisboa e suas colônias abrissem seus portos aos navios do Império cujo sol nunca se punha. 💰💸

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segunda-feira, 11 de abril de 2022

11.04.22 - 149 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣4️⃣9️⃣ 🎉🇧🇷

💣💥 O cenário geopolítico europeu do final do século XVIII e começo do XIX não era dos mais pacíficos. Após o golpe de 18 Brumário o general Napoleão Bonaparte tomou o poder na França e iniciou seu projeto expansionista de conquistar a Europa. As guerras napoleônicas varreram o continente europeu destronando monarcas e levando adiante as ideais libertárias de 1789. A Europa estava sob controle de Napoleão. Mas se os franceses tinham o melhor exército..., os ingleses tinham a melhor marinha! E um canal que os separava: o canal da Mancha. A Inglaterra não se dobrou aos desígnios de Bonaparte. Os ingleses viviam seu momento econômico mais próspero: a Revolução Industrial do século XVIII. Navios com mercadorias inglesas singravam os mares e chegavam à maioria dos países. A Inglaterra era a potência capitalista da época, defendendo bandeiras como o liberalismo econômico, a não intervenção do Estado na economia, e o abolicionismo; não por razões humanitárias, mas para transformar os ex-escravos em trabalhadores livres e assalariados, portanto com poder de compra para consumir os produtos ingleses! Napoleão, como bom estrategista que era, embora tivesse cometido o erro de invadir a Rússia em 1812, percebeu que era impossível vencer os ingleses apenas com a força das armas. A derrota teria que vir atacando aquilo que sustentava a supremacia inglesa: sua economia. Foi assim que em 21 de novembro de 1806 Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que impedia que qualquer país europeu ou de suas colônias abrissem seus portos para comercializar com navios e/ou comerciantes ingleses. A estratégia era sufocar a economia britânica. A medida napoleônica ia reverberar no outro lado do Atlântico: no Brasil, colônia de Portugal. 🌊⛵

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🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi a de D. João VI.

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domingo, 10 de abril de 2022

10.04.22 - FALTAM 150 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣0️⃣ 🎉🇧🇷

⏳🕰️ Os fatos históricos são desdobramentos de acontecimentos anteriores e nunca vem dissociados entre si. A História é mesmo um grande mosaico de fatos que estão conectados entre si. Por isso não é fácil dizer quando começa de fato o processo que deu origem à Independência do Brasil, e há quem diga que ainda hoje esse processo está em andamento. Discussões historiográficas à parte, numa coisa todos os historiadores e pesquisadores concordam: a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1807 (eles chegam aqui em 1808) foi fundamental para a Independência do Brasil que se deu em 1822. A História não é feita com a conjunção condicional "SE", mas com o que de fato aconteceu, porém de uma coisa temos certeza: se a família real portuguesa não tivesse transferido a sede da corte lusitana para o Brasil, a emancipação política com a ruptura de Portugal chegaria muito depois de 1822, mesmo levando-se em conta a crise do sistema colonial desde meados do século XVIII. É impossível não citar a vinda da família real portuguesa como um prólogo da Independência. A presença de D. João no Brasil trouxe mudanças significativas para a colônia. A abertura dos portos e a elevação a Reino Unido foram algumas delas. Conhecer um pouco desse cenário nos ajuda a entender como se deu a separação política brasileira e quais interesses estavam em jogo quando D. Pedro rompeu com seus pares em 1822, declarando o nosso país livre de Portugal. Uma independência "sui generis", diferente de tudo o que se viu nas emancipações das ex-colônias americanas, pois tivemos um príncipe-regente português que nos libertou de... Portugal! 🤴🇵🇹

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi a de Napoleão Bonaparte.

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sábado, 9 de abril de 2022

09.04.22 - FALTAM 151 DIAS PARA BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣1️⃣ 🎉🇧🇷

🤴👋 E após a abdicação de D. Pedro I, o que aconteceu no recém emancipado Brasil? Durante 9 anos, de 7 de abril de 1831 até 23 de julho de 1840, o Brasil foi governado por pessoas escolhidas para exercer o poder enquanto D. Pedro de Alcântara Bragança e Bourdon não atingisse sua maioridade e fosse coroado como D. Pedro II (quando D. Pedro I renunciou, seu filho tinha apenas 5 anos de idade), e estas pessoas eram chamadas de regentes e o período em questão ficou conhecido como período regencial, que segundo alguns historiadores e estudiosos, teria sido a primeira experiência republicana brasileira após 1822 – sabemos que antes da Independência Pernambuco conseguiu formar um regime republicano de 75 dias. Houve duas regências trinas, uma provisória, de 7 de abril a 17 de junho de 1831, e outra permanente, de 1831 a 1835, da qual participou de ambas o brigadeiro Francisco de Lima e Silva, pai do futuro Duque de Caxias; e duas regências unas, sendo a primeira exercida pelo padre Diogo Antônio Feijó, de 1835 a 1837, e a segunda pelo pernambucano Pedro de Araújo Lima, de 1837 a 1840. O período regencial foi marcado por várias revoltas, algumas de caráter separatista, que ameaçaram a unidade territorial do império. As principais revoltas regenciais foram a Cabanagem (1835-1840) no Pará, a Farroupilha (1835-1845) no Rio Grande do Sul, a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838) na Bahia, e a Balaiada (1838-1841) no Maranhão. As tropas imperiais reprimiram violentamente os rebeldes de norte a sul, resultando em milhares de mortes. A oligarquia rural, latifundiária e escravista, continuava ocupando os principais cargos na política, embora se dividissem em restauradores (que queriam a volta de D. Pedro I ao trono), liberais moderados (defensores da monarquia sem autoritarismo), e nos liberais exaltados (federalistas que lutavam por mais autonomia para as províncias). A antecipação da maioridade de D. Pedro II, articulada pelos progressistas (surgidos dos liberais moderados), para 1840 pôs fim ao período regencial. O novo imperador, com apenas 14 anos, tinha como desafios pacificar o país e manter a unidade territorial conquistada após 1822. 👑⚜️

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sexta-feira, 8 de abril de 2022

08.04.22 - FALTAM 152 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣2️⃣ 🎉🇧🇷

🤔❓Qual foi a participação popular no processo que levou à abdicação de D. Pedro I ao trono brasileiro? Sabemos que as massas populares tiveram pouca, para não dizer nenhuma, participação durante a Independência do Brasil e que pouco tiveram a ganhar com isso, pois a estrutura social manteve-se a mesma, ou seja, escravos continuaram escravizados e os ricos proprietários rurais mantiveram suas posses. É claro que essa população empobrecida e excluída da participação nas esferas políticas foi decisiva na composição dos exércitos, tropas e milícias que garantiram a Independência, principalmente na Bahia, no Piauí e no Grão-Pará. A mentalidade de se fazer um independência de "cima para baixo" longe de aspirações revolucionárias ou abolicionistas era o fio ideológico que tecia o pano de liberdade idealizado pela oligarquia rural e abraçado pelos conspiradores imperiais. Em relação ao processo que levou à abdicação encontramos de fato muito mais participação popular do que do da Independência. E isso se deve também à Imprensa oposicionista que formava na opinião pública a insatisfação com os rumos que o Império estava tomando. Várias manifestações populares de desagravo com D. Pedro I aconteceram em vários pontos do país. Em Pernambuco, por causa do desfecho da Confederação do Equador e da morte de Frei Caneca, em Minas Gerais e em São Paulo por causa do assassinato de Líbero Badaró, em várias províncias por causa da imposição da Constituição de 1824, etc. No entanto, há quem defenda que as classes populares foram usadas como massa de manobra pelos liberais moderados, a ponto de Teófilo Ottoni (líder liberal mineiro) dizer que o 7 de abril de 1831 foi, para o povo, uma verdadeira jornada dos tolos (lá journée des dupes), e dia dos enganados. Errado, ele não estava. Basta ver a explosão de revoltas populares que virão adiante no período regencial. 💣💥😨

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quinta-feira, 7 de abril de 2022

07.04.22 - FALTAM 153 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣3️⃣ 🎉🇧🇷

📜✍️ Há 191 anos, num dia como hoje, 7 de abril, D. Pedro I renunciava do trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de Alcântara Bragança e Bourbon. A abdicação do imperador representou o triunfo do Partido Brasileiro sobre o Partido Português e a passagem do primeiro reinado ao período regencial. Sua carta de despedida, transcrita abaixo, é um documento histórico relevante para aqueles que estudam o período imperial brasileiro:

“Não sendo possível dirigir-me a cada um dos meus verdadeiros amigos em particular para me espedir e lhes agradecer ao mesmo tempo os obséquios que me fizeram e, outrossim para lhes pedir perdão de alguma ofensa que de mim possam ter, ficando certos que se alguma coisa os agravei foi sem a menor intenção de ofendê-los; faço esta carta para que impressa eu possa deste modo alcançar o fim a que me proponho. Eu me retiro para a Europa saudoso da pátria, dos filhos e de todos os meus verdadeiros amigos. Deixar objetos tão caros é sumamente sensível ainda ao coração mais duro: ao deixá-los, para sustentar a honra, não pode haver maior glória. Adeus pátria, adeus amigos e adeus para sempre.”

D. Pedro de Alcântara
Bordo da Nau Warspite, 12 de abril de 1831. 👋⛵🇵🇹

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quarta-feira, 6 de abril de 2022

06.04.22 - FALTAM 154 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣4️⃣ 🎉🇧🇷

🤦‍♂️👑 O (curto) reinado de D. Pedro I estava cada vez mais isolado e privado de sustenção naquele ano de 1831. Faltavam o apoio popular, o respaldo das oligarquias agrárias, e o apreço da Imprensa. A situação estava insustentável ao ponto do imperador, numa última cartada de um jogo perdido, abrir mão de suas aspirações absolutistas e montar no dia 19 de março um gabinete ministerial constituído apenas por brasileiros (o que é claro deixou os pés-de-chumbo, como eram chamados os portugueses, enraivecidos). O problema era que D. Pedro I nunca foi muito bom no que hoje chamamos de articulação política – mesmo sendo uma monarquia constitucional com o poder moderador acima dos demais, o imperador não GOVERNA sozinho – e como o Ministério dos Brasileiros não atendeu às expectativas do imperador, leia-se "não se curvou ao que D. Pedro I queria", ele acabou sendo dissolvido e substituído em 5 de abril pelo Ministério dos Marqueses, formado apenas por membros do Partido... PORTUGUÊS! Os liberais foram as ruas pedir a volta do Ministério dos Brasileiros, e D. Pedro I não pensou duas vezes em resolver o imbróglio a sua maneira: reprimindo e mandado prender os descontentes. Mas nem mesmo Francisco de Lima e Silva (pai do futuro Duque de Caxias), um de seus mais fiéis comandantes concordava com o uso da força contra os manifestantes. Sentindo-se pressionado por vários setores da sociedade, perdido em seu egocentrismo, e acuado no turbilhão de fracassos que foi seu reinado, D. Pedro I usou de suas prerrogativas legais e escreveu: "Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito voluntariamente abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho o Sr. D. Pedro de Alcântara. Boa Vista, sette de abril de mil oitocentos e trinta e um, décimo da Independência e do Império". Era o ponto final do chamado Primeiro Reinado que começou em 1° de dezembro de 1822. Após a renúncia, D. Pedro I partiu para Portugal, com uma missão quase impossível: recuperar o trono da sua filha: Maria da Glória, que havia sido usurpado pelo seu próprio tio, D. Miguel. Deixava no Brasil, seu filho, o príncipe herdeiro Pedro de Alcântara Bragança e Bourbon, que tinha apenas cinco anos de idade, aos cuidados de um velho amigo: José Bonifácio de Andrada e Silva, cuja morte completa hoje, 6 de abril de 2022, 184 anos. 😭⚰️🖤

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terça-feira, 5 de abril de 2022

05.04.22 - FALTAM 155 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣5️⃣ 🎉🇧🇷

😨😤 O ano de 1831 começou agitado para a monarquia brasileira. O autoritarismo de D. Pedro I, somado à crise econômica, aos escândalos de sua vida pessoal com amantes, aos gastos excessivos com a campanha contra a Cisplatina e na repressão à Confederação do Equador, o envolvimento na sucessão portuguesa, ruíram as esperanças de um governo monárquico, porém liberal e que respeitasse a autonomia das províncias. O assassinato do jornalista Líbero Badaró do Observatório Constitucional em 21 de novembro de 1830 foi o estopim para acirrar ainda mais a oposição ao imperador. A visita de D. Pedro I, em fevereiro de 1831, para Minas Gerais foi um fracasso. Ao chegar em Barbacena e em outras cidades da Província, por concidência ou não, os sinos repicavam o toque de finados pela morte de Líbero Badaró. Ao retornar ao Rio de Janeiro, seus compatriotas lusitanos convocaram a população a saudar ao monarca com luminárias e lençóis estendidos nas janelas. A reação popular foi oposta. No dia 11 de março a oposição estava nas ruas, dias depois, a 13 de março, portugueses e brasileiros foram à forra, atacando-se com paus, pedras, facas e garrafadas. Vivas à Constituição e à liberdade de imprensa eram respondidos por aclamações ao imperador absoluto. A política transbordou da Câmara e do Senado, dos saraus e dos círculos palacianos, escorreu e tomou as ruas do Rio de Janeiro. A ordem foi restaurada por policiais, com auxílio de juízes de paz, no dia 17 de março. A pancadaria da Noite das Garrafadas, como ficou conhecido o confronto luso versus brasileiros, era mais um indício de que os dias de D. Pedro I no trono brasileiro estavam contados. Mais uma vez, Dom Pedro I afrontaria os liberais e o partido brasileiro com a nomeação de um novo ministério, premissa que lhe era conferida pelo poder Moderador, desta vez só formado por marqueses, apoiadores do autoritarismo dos Braganças. 🛡️⚔️🛡️

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segunda-feira, 4 de abril de 2022

04.04.22 - FALTAM 156 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣6️⃣🎉🇧🇷

👑⚰️ Após a morte de D. João VI em 10 de março de 1826 o trono português caberia de direito a D. Pedro I, o primogênito e legítimo herdeiro da Coroa Portuguesa. A questão da sucessão dinástica em Lisboa gerou uma expectativa no Brasil: estaria D. Pedro I interessado em uma possível recolonização do Brasil, ocupando as duas Coroas? O impasse aumentou ainda mais a impopularidade do imperador. D. Miguel, o segundo na linha sucessória, tinha tendências absolutistas e não agradava a Inglaterra, interessada na liberalização da economia europeia, e por isso temia uma aproximação entre Portugal e a Santa Aliança. A solução encontrada por D. Pedro I foi abdicar (renunciar) do trono português em favor de sua filha D. Maria da Glória, que na época contava apenas com 7 anos (mais tarde ela seria coroada com o título de Maria II). Enquanto não atingisse a maioridade, o reino lusitano seria ocupado por D. Miguel, irmão de D. Pedro I, e futuro esposo de D. Maria da Glória. Aparentemente tudo estaria resolvido se D. Miguel, apoiado por Carlota Joaquina, sua mãe, não reivindicasse a coroa e usurpasse o trono em 1826, dando um golpe no próprio irmão que estava do outro lado do Atlântico. Foi o suficiente para dividir Portugal em dois grupos antagônicos: os pedristas, que defendiam a legitimidade de D. Maria da Glória no poder; e os miguelistas, que apoiaram a manobra golpista. D. Pedro I tomou partido a favor de sua filha no conflito. O envolvimento do imperador brasileiro na sucessão portuguesa desgastou a imagem de D. Pedro I no Brasil. Após a abdicação em 7 de abril de 1831, Dom Pedro I voltou para Lisboa para lutar pelo trono de sua filha, D. Maria da Glória. O impasse será solucionado pelo tratado de Londres de 1834 (também chamado de Quádrupla Aliança), assinado pelos governos liberais da França e da Inglaterra (além de Espanha e Portugal) que decidem o desfecho da guerra civil portuguesa, sendo colocada D. Maria da Glória no trono de Portugal, aos 15 anos de idade, e D. Miguel sendo expulso do reino. Curiosamente, D. Maria da Glória nasceu num dia como hoje, 4 de abril, há exatos 203 anos. 🎂🥳🎉

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi a de D. Maria da Glória.

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domingo, 3 de abril de 2022

03.04.22 - FALTAM 157 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣7️⃣ 🎉🇧🇷

🤴⚜️ Uma vez posto no trono, D. Pedro I não demorou para mostrar sua face absolutista e acabou virando uma unaminidade, negativa, diga-se de passagem, para liberais e moderados. Os liberais não esqueciam fatos como a violenta repressão à Confederação do Equador, a dissolução da Assembleia Constituinte de 1823, a imposição da Constituição de 1824, a prepotência do poder moderador, etc. Já os moderados, representantes de parcela da oligarquia rural, embora desejassem um Império unificado, queriam também um Legislativo mais forte e influente. A oposição ao estilo pedrino de governar só crescia e piorou ainda mais com a crise econômica provocada pelos elavados custos com o aparelhamento das forças militares que lutaram na Confederação do Equador e na Guerra da Cisplatina. O aumento do custo de vida, como sempre, recaía sobre os mais pobres. O clima era tão ruim para D. Pedro I que até a queda do imperador francês Carlos X, herdeiro dos Bourbons e absolutista convicto, em 2 de julho de 1830 foi largamente comemorada no Brasil. A imprensa oposicionista não aliviava nas críticas, nem D. Pedro I na repressão. O assassinato do jornalista italiano Giovanni Battista Líbero Badaró, responsável pelo jornal "Observatório Constitucional" em 21 de novembro de 1830, morto a tiros quando retornava para casa, aumentou ainda mais a tensão entre a oposição e o imperador. Muitos chegaram a cogitar que o próprio imperador estivesse por trás do assassinato de Badaró. O nome de Líbero Badaró ficou imortalizado na rua em que morreu. Suas últimas palavras "morre um liberal, mas não morre a liberdade" virou um lema entre os oposicionistas. Badaró foi o primeiro jornalista assassinado no Brasil em virtude do ofício que exercia e o primeiro caso em que assassinos, beneficiados com por suas relações, viveram o resto de suas vidas na impunidade, apesar das provas que os incriminavam. ⚰️😭

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

🖼️ A imagem escolhida para retratar o post foi a do liberal Líbero Badaró.

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sábado, 2 de abril de 2022

02.04.22 - FALTAM 158 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 1️⃣5️⃣8️⃣ 🎉🇧🇷

🤴💔👸 A vida amorosa dos imperadores sempre deu o que falar. E isso desde a Antiguidade, vale lembrar dos escandalosos relacionamentos dos imperadores romanos ou de Salomão e suas mil esposas. Não que a vida privada dos governantes seja relevante para os estudos históricos, mas é impossível negar que amantes e concubinas também tiveram sua importância na condução dos rumos da História. Que o diga Domitila de Castro Canto e Melo, a principal (mas não foi a única) amante de D. Pedro I, que recebeu mais tarde o título de Marquesa de Santos. Domitila de Castro foi colocada na corte pelo próprio D. Pedro I, apesar da desaprovação de D. Maria Leopoldina, obrigada a conviver com a amante no mesmo espaço que seus filhos - Domitila era uma das damas da corte. A relação entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos está fartamente documentada pelas cartas, algumas de teor erótico e frases picantes, que ambos trocavam sob os curiosos nomes de Demonão e Titília. A Imperatriz Leopoldina começou a definhar aos poucos por causa do fracasso do matrimônio com D. Pedro I, em meio a brigas e agressões citadas em suas cartas para seus parentes na Áustria. Amada e querida pela população, Maria Leopoldina não resistiu às complicações de um aborto espontâneo e veio a falecer em 11 de dezembro de 1826. Domitila teve a ousadia de comparecer ao velório da Imperatriz, mas foi impedida de entrar por José Bonifácio, que chegou a perguntar: "como ousa perturbar o descanso de minha senhora?" A casa da marquesa chegou a ser apedrejada e ela teve que se ausentar algumas semanas da corte por causa da ira do povo que atribuía a ela a morte precoce da Imperatriz. Após a morte de Maria Leopoldina, D. Pedro I expulsou a Marquesa de Santos da corte em 1829, ela grávida de Maria Isabel. Domitila de Castro acumulou grande riqueza e casou-se novamente desta vez com Rafael Tobias de Aguiar, presidente da província de São Paulo, e ficaram juntos durante 24 anos. O Imperador contraiu novas núpcias em 17 de Outubro de 1829 com Amélia de Leuchtenberg. No entanto, seu envolvimento com Domitila de Castro arranhou ainda mais sua imagem junto à população e alimentou ainda mais as críticas dos seus opositores. 😠❤️‍🔥

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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sexta-feira, 1 de abril de 2022

01.04.22 - FALTAM 159 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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⚜️👑 Entre 1° de dezembro de 1822 e 7 de abril de 1831, período em que D. Pedro I foi o imperador brasileiro, tivemos vários conflitos internos e um externo com a Província Cisplatina, cuja Independência em 27 de agosto de 1828 transformou-a na República Oriental do Uruguai. Os conflitos internos se deram primeiramente nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí, e Bahia, por causa de focos de resistência portuguesa à emancipação política do 7 de setembro, formada em sua maioria por comerciantes e militares portugueses que preferiam manter os antigos laços coloniais para manter seus privilégios. Esses conflitos foram sufocados em cada província com a apoio das populações locais e de tropas imperiais comandadas por estrangeiros, geralmente mercenários contratados pelo Imperador. A província de Pernambuco, cujas raízes libertárias e revolucionárias remontam desde os tempos da expulsão dos holandeses durante a Insurreição Pernambucana (1645-1654), já vinha manifestando sua insatisfação contra a administração dos Braganças desde a Revolução Pernambucana de 1817. Não por acaso, os pernambucanos conquistaram a autonomia da província 10 meses antes da declaração de Independência feita por D. Pedro (quase) às margens do Ipiranga, quando representantes da Coroa portuguesa e dos liberais pernambucanos assinaram a Convenção de Beberibe em 5 de outubro de 1821. As tensões entre os mazombos e marinheiros, como eram chamados respectivamente, os pernambucanos e os portugueses em Recife, culminaram em vários conflitos como a Pedrezada de 1823, quando o capitão mulato Pedro Cardoso organizou um levante na capital da província. Se a coisa ia ruim, piorou quando Francisco Pais Barreto foi nomeado para ser o novo presidente da província. Os pernambucanos, mais uma vez, se revoltaram e proclamaram a Confederação do Equador (2 de julho de 1824), que mesmo com a adesão de outras províncias acabou sendo sufocada após dura repressão. A execução de Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Frei Caneca, principal líder do movimento, aumentou o descontentamento popular contra D. Pedro I. Foi nessa revolta que Pernambuco perdeu parte de seu território: a Comarca do São Francisco, que ficou para a província da Bahia. 😒😠😃

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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06.09.22 - FALTA 1 DIA PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣0️⃣1️⃣ 🎉🇧🇷 📖✍️ E assim chegamos ao fim de uma jornada – que começou em 19 de fevereiro de 2022. Foram 200 dias de estudo, leit...