quarta-feira, 31 de agosto de 2022

31.08.22 - FALTAM 7 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🐴🏞️ Quem viaja atualmente pela Baixada Santista se depara com placas nas rodovias avisando que não se deve consumir da água dos riachos e rios da redondeza. Se voltassemos no tempo, mais precisamente para a manhã do dia 7 de setembro de 1822, se essas placas existissem teriam poupado D. Pedro, então príncipe-regente, de alguns infortúnios estomacais... Alguns citam que ele teria comido algo que não lhes fez bem. Ressalto que isso não deve ser considerado como um motivo de chacota ou desdém para com o personagem em questão. Após seis horas subindo a Serra do Mar, rumo à cidade de Santos, numa tropa de mulas (não de galantes cavalos como sugere o quadro de Pedro Américo), a comitiva de D. Pedro chega finalmente ao planalto, no atual bairro paulistano do Ipiranga. Quem os encontra é o alferes Francisco de Castro Canto e Melo, irmão da futura Marquesa de Santos, que teria sido enviado à frente para checar como estava a capital paulista e qual seria a situação que D. Pedro lá encotraria, amistosa ou não, ao chegar. A situação, no entanto, não estava favorável ao príncipe-regente. Após a chegada de Francisco de Castro, dois emissários enviados do Rio de Janeiro, Paulo Bregaro e o major Antônio Ramos Cordeiro, alcançaram a comitiva real, com três cartas, uma de José Bonifácio de Andrada e Silva – o patriarca da Independência –, outra de Maria Leopoldina – sua esposa –, e uma terceira de Henry Chamberlain – embaixador inglês no Brasil. A missão teve ares épicos, afinal, foram aproximadamente 500 quilômetros percorridos em apenas 5 dias, o que confirmou a recomendação de Bonifácio aos emissários: "Se não arrebentar uma dúzia de cavalos no caminho, nunca mais será correio. Veja o que faz!" A urgência em chegar aquelas cartas eram mais do que justas. Nelas, se comunicavam que as Cortes de Lisboa anulavam todos os atos e decisões de D. Pedro na regência, além de destituí-lo dessa posição. Foi a mais dura mensagem recebida por D. Pedro no processo emancipatório. José Bonifácio alertava que Portugal embarcara mais de 7 mil soldados com a missão de esmagar os partidários da independência. Já Maria Leopoldina recomendava prudência e pedia que ele seguisse os conselhos de Bonifácio, que considerava duas opções para D. Pedro: voltar para Portugal e se submeter ao julgamento das Cortes ou proclamar a independência do Brasil "fazendo-se seu imperador ou rei". Como dizia Júlio César, imperador romano, "a sorte está lançada". 🎲👑

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terça-feira, 30 de agosto de 2022

30.08.22 - FALTAM 8 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🤔✖️ Ao contrário do que se pensa, e também do que é ensinado nas escolas, não houve apenas um grito às (quase) margens do riacho Ipiranga, mas dois momentos distintos em que D. Pedro teria proclamado a Independência. Um deles, o primeiro, teria sido mais intimista e portanto restrito a poucas pessoas (este aconteceu dentro de uma casa, que alguns divergem se foi ou não, na chamada "casa do grito). Já, num segundo momento, justamente aquele que todos conhecem, o que ficou imortalizado no imaginário popular e retratado por Pedro Américo na famosa tela "O Grito do Ipiranga", cujas licenças poéticas distorcem consubstancialmente o que aconteceu naquela tarde de 7 de setembro de 1822, cujo bicentenário será daqui a 8 dias. Como sabemos desses detalhes da Independência que passam desapercebidos para a maioria das pessoas? A partir dos relatos deixados pelo padre Belchior Pinheiro de Oliveira, pelo alferes Francisco de Castro Canto e Melo, e pelo coronel Manuel Marcondes de Oliveira e Melo, todos já mencionados em postagens anteriores (vale lembrar que todas as postagens podem ser lidas no blog Contagem Regressiva para o Bicentenário, cujo link se encontra abaixo). As circunstâncias sob as quais D. Pedro esteve quando decidiu pelo grito de Independência são importantes para sabermos o que de fato levou ele, que ora aparecia apreensivo nas cartas que mandava para o pai, D. João VI, em Portugal, e ora se mostrava determinado em levar adiante o processo de emancipação política. Que pesem, é claro, as três cartas recebidas por ele naquele dia, escritas por José Bonifácio, Maria Leopoldina e pelo embaixador inglês Chamberlain, com recomendações sobre a Independência, para que D. Pedro, tomado por um impulso, ou receio, quem sabe, de declarar que estava acabado o domínio lusitano sobre o Brasil. Um gesto que vamos tentar dissecar nas próximas postagens. 📖✍️

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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

29.08.22 - FALTAM 9 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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⚜️🤴 A presença de D. Pedro na província de São Paulo naquele distante agosto de 1822 serviu para conciliar as oligarquias locais sobre os rumos tomados pela política brasileira desde que se desenhava a ideia de um rompimento definitivo com Lisboa. As coisas na província não andavam nada boas desde a Bernarda de Francisco Inácio (23 de maio de 1822) quando opositores dos irmãos Andrada se rebelaram contra a elevação de Martim Francisco a presidente da Junta Governativa. No dia 29 de agosto de 1822, completando hoje, portanto 100 anos, D. Pedro presidiu a escolha do novo governo provisório, e adivinhem quem ganhou o pleito? Ninguém mais do que João Carlos Augusto de Oeynhausen, afilhado de D. Maria I e ex-capitão general do Ceará, Mato Grosso e São Paulo, e desafeto de... José Bonifácio! D. Pedro respeitou a decisão dos paulistas, mesmo a contragosto, e ainda por cima concederia posteiormente o título de Barão de Aracati a Oeynhausen. Ainda nesse dia 29 de agosto, D. Pedro conheceria aquela que seria a causa da sua "mais séria e escandalosa de suas aventuras de amor", nas palavras do historiador Tarquínio de Sousa. Foi o seu primeiro encontro com Domitila de Castro Canto e Melo, futura Marquesa de Santos, a amante mais famosa da história imperial brasileira. Domitila teria sido apresentada ao príncipe-regente pelo seu irmão, o alferes Francisco de Castro Canto e Melo, ajudante de ordens de D. Pedro que acompanhava a comitiva em sua viagem do Rio de Janeiro para Santos. Ela se tornou a mulher mais influente na corte brasileira, chegando a ofuscar o papel que deveria ter sido de Maria Leopoldina no primeiro reinado. D. Pedro e Domitilia, ou melhor, Demonão e Titília – como eles mesmo se autodenominavam – ficaram juntos até 1829, escandalizando a corte e arranhando a imagem do imperador junto à população. E finalmente, ainda nesta data, em 1825, portanto há 187 anos, Portugal reconhecia a emancipação política do Brasil, através do Tratado de Paz e Aliança, assinado no Rio de Janeiro, mediado pela Inglaterra. O tratado reconhecia o Brasil como um império separado dos reinos de Portugal e do Algarve, e D. João VI "concedia" a D. Pedro I, o título de "Imperador", de transmissão hereditária. Outra claúsula estabelecia que o Brasil deveria pagar uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas, e que em termos práticos, só poderiam ser constraídas por meio de empréstimos ingleses. Assim, o recém-nascido império brasileiro já começava economicamente dependente do capitalismo inglês. 💸💰

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domingo, 28 de agosto de 2022

28.08.22 - FALTAM 10 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🌊⛵ Um dos episódios mais tensos no processo de emancipação política do Brasil foi a chegada no Rio de Janeiro do Brigue Três Corações com novos decretos das Cortes de Lisboa em 28 de agosto de 1822, portanto há exatamente 200 anos. Numa manobra radical, que desalinhava as posssibilidades de um diálogo mais amistoso com os deputados portugueses, as Cortes destituíam, na prática, o papel de D. Pedro como príncipe-regente, reduzindo-o à condição de mero delegado das autoridades de Lisboa. A partir daquele momento, seus ministros seriam nomeados em Portugal e sua autoridade não mais se estenderia a todo o Brasil. Ficaria limitada ao Rio de Janeiro e regiões vizinhas. As demais províncias passariam a se reportar diretamente a Lisboa. As Cortes também determinavam a abertura de processo contra todos os brasileiros que houvessem contrariado as ordens do governo português. O alvo principal era o ministro José Bonifácio de Andrada, defensor da Independência e grande aliado de D. Pedro. Convocadas à revelia de D. João VI, as Cortes vinham tomando decisões contrárias aos interesses do Brasil desde o ano anterior. No final de 1821, tinham ordenado a volta de D. Pedro a Portugal, de onde passaria a viajar incógnito pela Europa com o objetivo de se educar. O príncipe decidira ficar no Rio de Janeiro, mas desde então o seu poder vinha sendo reduzido. Tribunais e repartições em funcionamento no Brasil durante a permanência da corte haviam sido extintos ou transferidos para a antiga metrópole. As províncias receberam instruções para eleger cada uma sua própria junta de governo, que se reportaria diretamente a Lisboa e não ao príncipe no Rio de Janeiro. Em outra tentativa de isolar D. Pedro, as Cortes tinham nomeado governadores das armas, ou seja, interventores militares, encarregados de manter a ordem em cada província e que só obedeciam à metrópole. A radicalização se expressava no tom dos discursos em Lisboa. O deputado português Borges Carneiro havia chamado D. Pedro de “desgraçado e miserável rapaz” ou simplesmente de “o rapazinho”. Curiosamente, o mesmo brigue Três Corações que levou os decretos de Lisboa para o Rio de Janeiro, foi o mesmo mandado pelo o governador da Capitania de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, para recepcionar o príncipe D. João quando este veio para o Brasil em 1808, fugindo das tropas napoleônicas que haviam invadido Portugal. 👮‍♂️👮🏻‍♂️

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sábado, 27 de agosto de 2022

27.08.22 - FALTAM 11 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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💣💥 Após três anos de conflito, foi num dia como hoje, 27 de agosto, há 194 anos, que terminava a Guerra da Cisplatina, o primeiro embate externo do recém-criado Império brasileiro, cujas origens remontam à invasão da região por D. João em 1816. O cenário geopolítico nem era muito favorável ao pai de D. Pedro na época, uma vez que pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777), esta região ficaria com a Espanha – acordo este ratificado em 1801, pelo Tratado de Badajós –, mesmo sendo descoberta pelos espanhóis (1516), e colonizada pelos portugueses com o nome de Colônia do Sacramento. A independência das Províncias Unidas do Rio da Prata (futura Argentina) em 1810 e a presença da família real portuguesa ao Brasil em 1808 reacenderam o interesse pela região. Os argentinos queriam que a Banda Oriental (como eles chamavam essa região) ficasse dentro da federação deles, mas D. João VI anexou a Banda Oriental ao Brasil com o nome de Província Cisplatina (Cis - a leste - Platina do rio da Prata) em 31 de julho de 1821, alegando que sua esposa, Carlota Joaquina, tinha parte naqueles territórios por ser de origem espanhola (na verdade se tratava de uma retaliação à Espanha pelo apoio dado aos franceses durante a invasão do território lusitano em 1807). A maioria da população possuía idioma e costumes muito diferentes dos brasileiros, e portanto não aceitou a ocupação lusitana. Em 1825, os rebeldes cisplatinos, articulados num grupo denominado os "33 Orientais" liderado por Juan Antonio Lavalleja, assumiram o controle militar da Província Cisplatina e, como primeira medida, declararam-se separados do Brasil. Estrategicamente, declararam que a província deveria pertencer à República das Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina. A reação de D. Pedro I foi declarar guerra à Argentina. Começava a Guerra da Cisplatina, que se arrastou por três anos (1825-1828), provocou gastos desnecessários para o recém criado império, ceifou vidas, e contribuiu para desgastar a imagem política de D. Pedro I. Com a mediação da França e da Grã-Bretanha (destaque para Lorde Ponsonby como mediador), foi assinado em 27 de agosto de 1828 o tratado do Rio de Janeiro acordado entre o Império brasileiro e as Províncias Unidas reconhecendo a criação de um novo país naquela região: a República Oriental do Uruguai. Como consequência, o Brasil perdeu a Província da Cisplatina e gastou mais de 30 milhões de dólares, além de aproximadamente 8 mil brasileiros mortos no conflito. A derrota para a Província Cisplatina desgastou ainda mais a popularidade de D. Pedro I, que acabou por abdicar em 7 de abril de 1831. 👑👋

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👉 Para saber mais sobre a Guerra da Cisplatina, acesse:



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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

26.08.22 - FALTAM 12 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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⚜️🤴 A presença de D. Pedro em São Paulo foi mais um capítulo para o desenrolar do processo que culminaria com o grito dado às (quase) margens do Ipiranga no dia 7 de setembro de 1822. Em quase um mês, o então príncipe-regente percorreu 1,3 mil km entre Rio e São Paulo. O escritor e biográfo de D. Pedro, Paulo Rezutti, afirma que "Dom Pedro veio firmar alianças com os fazendeiros, apaziguar o cenário e preparar terreno para a Independência" numa entrevista para o portal G1. O príncipe saiu da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro em 14 de agosto de 1822. Tinha uma comitiva de 30 homens e um roteiro pré-determinado, com paradas estratégicas ao longo da rota até São Paulo. A região do Vale do Paraíba prosperava a olhos vistos com o cultivo do café. Conquistar o apoio, inclusive financeiro, desse grupo que ascendia social e economicamente seria uma vitória para a causa que D. Pedro e José Bonifácio de Andrada, uma das lideranças no cenário político paulista, defendiam. Além do mais, nada mais unia os fazendeiros, escravistas por natureza (naquela época) do que uma separação política sem grandes mudanças sociais, mantendo a escravidão, e afastando o fantasma do haitianismo, o medo de uma grande revolta negra que pussesse fim ao regime escravocrata predominante. D. Pedro vai conseguir colher frutos importantes nessa empreitada, com a adesão tanto de ricos fazendeiros, como de militares como o do major reformado Francisco de Castro do Canto e Melo, militar que integrava o grupo chamado de "leais paulistanos", uma tropa de correligionários da província que foi montada em janeiro de 1922, na época do episódio histórico conhecido como Dia do Fico (9 de janeiro de 1822), para manifestar apoio ao então príncipe-regente – No total, 1,1 mil homens participavam dessa guarda especial. 👮‍♂️👮🏽‍♂️👮🏻‍♂️

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quinta-feira, 25 de agosto de 2022

25.08.22 - FALTAM 13 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🏘️👑 Num dia como hoje, 25 de agosto de 2020, há exatamente 200 anos, D. Pedro entrava na cidade de São Paulo, após percorrer 634 km, em 12 dias. No dia anterior, 24 de agosto de 1822, ao chegar na localidade da Penha, hoje um populoso bairro da zona leste de São Paulo, ele despachou o alferes Canto e Melo e o ajudante Gomes da Silva para a capital da província com o objetivo de sondar o que se passava. Os dois retornaram a meia-noite dizendo que estava tudo tranquilo. D. Pedro, então entrou em São Paulo, acompanhado da guarda de honra que as cidades do Vale do Paraíba haviam organizado na sua passagem. A cidade se enfeitou para homenagear o príncipe-regente. Na Igreja da Sé, assistiu, com sua comitiva, à solene Te Deum e depois recebeu o beija-mão de autoridades e do povo, uma antiga cerimônia da monarquia lusitana popularizada no Brasil por D. João VI (pai de D. Pedro) nos treze anos da corte portuguesa no Rio de Janeiro. Na noite do dia 25 de agosto, os prédios públicos e diversas casas do centro da cidade colocaram luminárias nas janelas. O príncipe-regente cumpriu uma agenda extensa e cansativa na capital paulista. Começava a receber as pessoas por volta das oito horas da manhã e muitas vezes se estendeu até as duas horas da madrugada. D. Pedro conversava, ouvia e decidia questões urgentes. Várias delegações foram até São Paulo para saudá-lo: de Itu, Sorocaba, Campinas e Santos. Ele permaneceu alguns dias na capital, e nesse período conheceu D. Domitila de Castro e Mello, a futura marquesa de Santos. Em 5 de setembro, D. Pedro partiu para Santos a fim de inspecionar as fortalezas e visitar pessoas da família de José Bonifácio de Andrada e Silva, seu ministro de Estado. 🤴⚜️

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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

24.08.22 - FALTAM 14 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🧐💰 Quando os comerciantes da cidade do Porto, localizada no norte de Portugal, liderados por Gomes Freire de Andrade, articulados pelo Sinédrio – que era praticamente uma Loja Maçônica – conseguiram tomar o poder em Lisboa, o que talvez eles não imaginassem era que isso iria diretamente influenciar na emancipação política do Brasil em 7 de setembro de 1822. A Revolução Liberal do Porto, que hoje, dia 24 de agosto de 2022, completa seus 202 anos, foi um movimento constitucionalista português provocado pela crise política, econômica e militar após as três invasões napoleônicas que Portugal sofreu em 1807, 1809 e 1810. Após a derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo (18 de junho de 1815) e a consequente reorganização geopolítica das monarquias europeias no Congresso de Viena (1814-1815), os portugueses passaram a questionar a presença britânica em Portugal, que na prática, era quem mandava lá, enquanto a família real portuguesa estava aqui no Brasil, desde a fuga em 27 de novembro de 1807. A situação ficou insustentável para os comerciantes portugueses, que perderam a exclusividade do comércio marítimo com a colônia brasileira após a Abertura dos Portos de 28 de janeiro de 1808, e ainda mais complicada para o exército português, que se via preterido nas promoções militares para seus pares ingleses. É dentro desse contexto de insatisfação que explode a Revolução Liberal do Porto, cujas pautas basicamente eram duas: a volta imediata de D. João VI para Lisboa, sob pena de perder o trono português; e que ele assinasse uma Constituição limitando seus poderes, o que seria o fim do absolutismo dos Braganças. Diante do impasse, não restou para D. João VI outra saída que não fosse ceder aos seus compatriotas lusitanos, e retornar para a Europa em 25 de abril de 1821, não sem antes aconselhar seu filho D. Pedro de Alcântara Bragança e Bourdon, que ficaria no Brasil, na condição de príncipe-regente, sobre os destinos que aguardavam a ex-colônia, agora Reino Unido a Portugal e Algarves desde 16 de dezembro de 1815. Nunca saberemos se houve ou não este diálogo, mas o que se conta é que ambos tiveram uma conversa de pai para filho, e que nesta, que seria a última vez que ambos puderam se falar mais familiarmente, D. João VI teria dito "Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros". Estava muito claro que D. João VI previa que logo o Brasil se tornaria independente de Portugal. A questão era quem estaria a frente desse processo que ele mesmo havia começado em 1808 quando decidiu transferir a corte para o Brasil fugindo de Napoleão. Seria um processo feito de baixo para cima, com a participação popular; ou de cima para baixo, capitaneado pelas oligarquias agrárias? Em 1930 (no contexto da Revolução de 1930) o presidente do Estado de Minas Gerais, cargo que corresponde ao atual governador de Estado, Antônio Ribeiro de Andrada (coincidentemente um descendente de José Bonifácio), teria dito "façamos a revolução antes que o povo a faça". A mesma frase reescrita, no contexto da Independência do Brasil assim ficaria: "façamos a Independência, antes que os negros escravos e o povão a façam". 😳😏😠

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👉 Para saber mais sobre a Revolução Liberal do Porto:



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terça-feira, 23 de agosto de 2022

23.08.22 - FALTAM 15 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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📜🔍 A busca por relatos de pessoas que testemunharam os fatos daquele 7 de setembro de 1822, cujo bicentenário está a apenas 15 dias contando a partir de hoje, continua e chegamos a um terceiro personagem: o coronel Manuel Marcondes de Oliveira e Melo, mais tarde (o primeiro) barão de Pindamonhangaba, natural desta localidade e que acompanhou daí em diante D . Pedro na viagem a São Paulo e Santos como segundo comandante da Guarda de Honra. Manuel Marcondes escreveu o seu relato 40 anos após os acontecimentos (14/4/1862) a pedido do Dr. Mello Moraes. Seu relato confirma várias informações presentes em outros depoimentos registrados, tanto pelo padre Belchior, quanto pelo alferes Francisco Canto e Melo, já mencionados em postagens anteriores. São referendados pelo Manuel Marcondes que o príncipe-regente vinha mesmo montado em mulas (e não em cavalos, como sugere Pedro Américo em seu quadro "O Grito do Ipiranga"), e que ele estava mesmo com problemas de ordem intestinal. Mas o que mais chama a atenção quando lemos os textos deixados pelo Manuel Marcondes é que ele distingue dois momentos distintos do "grito do Ipiranga": um mais intimista, com poucas pessoas, provavelmente aquele em que D. Pedro joga ao chão as cartas e o padre Belchior as recolhe e dá para ele (já citamos isso em postagens anteriores), e um segundo grito, desta vez com mais oficialidade, digamos assim. Este segundo grito foi o que ficou materializado no imaginário popular que se construiu em torno dos fatos que se deram no 7 de setembro de 1822 em São Paulo, reforçado pelo quadro "O Grito do Ipiranga" do pintor paraibano Pedro Américo, que muitos observam como sendo uma "fotografia" do momento em que o príncipe-regente declarou o Brasil livre de Portugal, mas como já vimos anteriormente não passa de uma versão equivocada dos fatos, uma vez que o quadro apresenta várias inconsistências com o que é relatado por Belchior, Francisco de Melo e pelo próprio Manuel Marcondes. A construção de mitos e narrativas heroícas sobre fatos e personagens é muito comum e facilmente absorvida pela população sedenta de heróis capazes de resolver sozinhos todos os problemas do mundo – quando o processo histórico é uma construção coletiva e não resultado da ação individual de algumas pessoas. Fazer a leitura dos relatos deixados pelas testemunhas oculares da Independência é fazer também um exercício de interpretação sobre o que esses personagens pensavam e quais foram os sentidos e significados que este rompimento político com a Coroa Portuguesa teve para eles dentro do contexto histórico do início do século XIX. 🖐️🇵🇹

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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

22.08.22 - FALTAM 16 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

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🕵️🔍 Nossa busca pelos relatos das testemunhas oculares do grito às (quase) margens do Ipiranga continua e chegamos ao segundo personagem encontrado nesta pesquisa. Já citamos em postagens anteriores o padre Belchior Pinheiro de Oliveira (vale lembrar que todas as postagens podem ser lidas no blog Contagem Regressiva para o Bicentenário, cujo link se encontra abaixo), agora vamos falar do alferes Francisco de Castro Canto e Melo, irmão da mais tarde, marquesa de Santos, e ajudante de ordens de D. Pedro durante a sua viagem a São Paulo e Santos. De tenente a major, encontramos divergências quanto à sua patente militar, segundo os escritos consultados para esta contagem. Francisco de Castro fez sua a descrição da viagem do príncipe do Rio de Janeiro a São Paulo primeiro impressa no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro em 1865 e depois transcrita pelo Dr. Mello Moraes em sua História do Brasil Reino e Brasil Império (t. I, p. 381 s.) e que também se acha na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (t. 41, 1878, parte 2, p. 333-353) como apêndice nº 9 à obra de Oligário Herculano de Aquino e Castro, aí, sob o título "Memória sôbre a declaração da independência, escrita pelo major Francisco de Castro Canto e Mello". É este o relato mais citado pelos historiadores apesar de constituir, a descrição mais fraca quanto aos próprios sucessos no campo do Ipiranga; as falhas deste relato não são de estranhar, pois foi escrito somente em fins de 1864, isto é, 42 anos após os acontecimentos. Francisco de Castro confirma o célebre desabafo, quando o príncipe teria explodido (citado também pelo padre Belchior): "É tempo! Independência ou morte. Estamos separados de Portugal". Relevante é que a descrição do alferes aconteceu ainda mais tarde que a do padre, num momento em que a cena já era indiscutivelmente um símbolo épico gravado no imaginário coletivo. Convém lembrar que foi Francisco quem apresentou para D. Pedro a irmã Domitila de Castro Canto e Melo, por quem D. Pedro se apaixonaria e viveria um tórrido e lascivo relacionamento adúltero que chocou a sociedade da corte na época, dando a ela inclusive o título de Marquesa de Santos – cidade natal de José Bonifácio de Andrada e Silva, amigo pessoal de Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro, e inimigo declarado de Domitila, o que faz crer que D. Pedro fez isso para irritar ainda mais o patriarca da Independência. 😠😤

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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domingo, 21 de agosto de 2022

21.08.22 - FALTAM 17 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🇵🇹👑 Este foi um final de semana diferente para os moradores e visitantes da cidade do Porto, em Portugal, quando puderam visitar a inédita exposição pública do coração de D. Pedro I (D. Pedro IV para os portugueses). Segundo informações da Câmara Municipal do Porto, só nas primeiras oito horas, três mil visitantes fizeram fila para ver a relíquia, exposta no salão nobre da Igreja da Lapa, em uma vitrine de vidro temperado. Uma curiosidade é que o órgão foi posicionado a 1,30m de altura, metragem que leva em conta o tamanho médio de brasileiros e portugueses (1,74m para homens e 1,63m para mulheres). O coração de D. Pedro I está conservado há 187 anos. O órgão fica guardado em um vaso de vidro com formol, numa urna trancada por cinco chaves dentro de um cofre na Irmandade da Lapa, na cidade portuguesa do Porto, atendendo a um pedido dele em testamento. Em fevereiro deste ano começaram as negociações para o translado do órgão do imperador para o Brasil por ocasião das comemorações do Bicentenário da Independência. Um parecer técnico do Instituto de Medicina Legal do Porto aprovou a viagem, mas pediu que o transporte do órgão fosse feito em um ambiente pressurizado, ou seja, com pressão controlada. Na noite de hoje, 21 de agosto, começa a viagem do coração de D. Pedro I para o Brasil. O coração virá na cabine de passageiros de um avião da FAB acompanhado de três autoridades portuguesas, além de um representante do governo brasileiro. A chegada, em Brasília, está prevista para as 9h30 desta segunda-feira. Na terça, dia 23, haverá uma cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do atual presidente. Quando chegar ao país, o órgão será levado da Base Aérea de Brasília até a Praça dos Três Poderes "de modo silencioso", segundo o Ministério das Relações Exteriores. Depois, o coração ficará "em repouso", no Itamaraty, até ser exposto, com todas as honrarias. No Palácio do Itamaraty, o coração ficará na sala Santiago Dantas, que é climatizada. Ele estará dentro de uma cripta. A relíquia estará exposta a partir de quinta-feira, dia 25, mas durante a semana o acesso será exclusivo para visitas escolares previamente agendadas. O público em geral deverá aguardar os sábados e os domingos, em horário ainda não definido. A exposição será encerrada no 7 de setembro. O órgão será levado de volta a Portugal no dia 9 de setembro, depois das comemorações dos duzentos anos da Independência do Brasil. A relíquia ainda vai ficar exposta por mais dois dias na cidade do Porto antes de ser guardada novamente no cofre. O translado do coração do imperador tem gerado críticas de historiadores, pesquisadores e escritores, como Lilia Moritz Schwarcz, Paulo Rezutti, e Valdirene do Carmo Ambiel, que consideram a exibição do órgão preservado do imperador como algo mórbido, necrófilo e de gosto duvidoso. Esta não é a primeira vez que restos mortais de Dom Pedro I são apresentados nas comemorações da Independência do Brasil. Em 1972, durante a ditadura militar, parte da ossada do imperador foi exposta em várias cidades brasileiras, antes de ser depositada no Monumento da Independência, em São Paulo. ⚰️💀

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sábado, 20 de agosto de 2022

20.08.22 - FALTAM 18 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣1️⃣8️⃣ 🎉🇧🇷

🕰️🤨 Há exatamente duzentos anos, neste mesmo dia 20 de agosto, numa sessão maçônica reunindo duas importantes Lojas cariocas, a "Comércio e Artes" e a "União e Tranquilidade" – que juntas seriam o embrião do futuro Grande Oriente Brasil – o jornalista e político liberal Joaquim Gonçalves Ledo fez um eloquente discurso desafiando Dom Pedro a dissolver os laços que uniam Brasil e Portugal, propondo que se firmasse a proclamação de nossa independência e se instalasse a realeza constitucional na pessoa de Dom Pedro. A proposta foi aprovada por unanimidade. Assim começou Ledo em sua fala naquela solene reunião: "SENHOR! A natureza, a razão e a humanidade, esse feixe indissolúvel e sagrado, que nenhuma força humana pode quebrar, gravaram, no coração do homem, uma propensão irresistível para, por todos os meios e com todas as forças em todas as épocas e em todos os lugares, buscarem ou melhorarem o seu bem-estar. Este princípio tão santo como a sua origem, e de centuplicada força, quando aplicado às nações, era de sobra para o Brasil, essa porção preciosa do globo habitado, não aceder à inerte expectação de sua futura sorte, tal qual fosse decretada longe de seus lugares e no meio de uma potência (Portugal), que deveria reconhecer inimiga de sua glória, zelosa de sua grandeza, e que bastante deixava ver, pelo seu Manifesto às nações, que queria firmar a sua ressurreição política sobre a morte do nascente Império Luso-Brasileiro, pois baseava as razões de sua decadência sobre a elevação gloriosa desse filho da América – o Brasil". Ledo concluiu seu discurso com uma provocação: "A América deve pertencer à America, e Europa a Europa, porque não debalde o Grande Arquiteto do Universo meteu entre elas o espaço imenso que as separa. O momento, para estabelecer-se um perdurável sistema e ligar todas as partes do nosso grande todo, é este... O Brasil, no meio das nações independentes, e que falam com exemplo de felicidade, não pode conservar-se colonialmente sujeito a uma nação remota e pequena, sem forças para defendê-lo e, ainda, para conquistá-lo. As nações do Universo têm os olhos sobre nós, brasileiros, e sobre ti, Príncipe ! Cumpre aparecer entre elas como rebeldes, ou como homens livres e dignos de o ser. Tu já conheces os bens e os males que te esperam e à tua posteridade. Queres ou não queres? Resolve, Senhor!" A ideia de Gonçalves foi aprovada por todos os irmãos naquela reunião e registrada na ata do Calendário Maçônico no 20º dia, do 6º mês do ano da Verdadeira Luz de 5.822. A ideia de Gonçalves foi aprovada por todos os irmãos naquela reunião e registrada na ata do Calendário Maçônico no 20º dia, do 6º mês do ano da Verdadeira Luz de 5.822. Esta data, convertida para o calendário gregoriano (o que é usado na maioria dos países ocidentais), seria equivalente ao dia 20 de Agosto de 1822. Teria sido por impulso da sociedade maçônica que o Príncipe-Regente Dom Pedro teria proclamado a Independência do Brasil no dia 7 de Setembro de 1822 (menos de um mês depois da grande reunião no Rio de Janeiro). A data oficial foi registrada no artigo 179 da Constituição do Grande Oriente do Brasil, tornando o dia 20 de Agosto o Dia do Maçom Brasileiro. 👨‍💼🏛️

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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

19.09.22 - FALTAM 19 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣1️⃣9️⃣ 🎉🇧🇷

📖🕯️ Uma das testemunhas oculares dos acontecimentos do grito da Independência foi o sacerdote mineiro Padre Belchior Pinheiro de Oliveira. Belchior era sobrinho de José Bonifácio e coincidentemente tinha a mesma idade de D. Pedro em 1822 (23 anos). Seu relato é o mais minuncioso dentre os deixados pelos que estiveram com D. Pedro no dia da Independência, e dele se tiram informações como o uso de mulas (e não de cavalos como os pintados por Pedro Américo no quadro "Grito do Ipiranga") e dos problemas intestinais do príncipe-regente provocados, provavelmente, pela ingestão de água contaminada dos rios que cortam a Serra do Mar próximo à cidade de Santos, algo bem comum entre os viajantes e tropeiros na época – infelizmente alguns pseudohistoriadores transformaram isso em objeto de chacota e chanchada barata. Alguns afirmam que mesmo com a riqueza de detalhes, o depoimento do Padre Belchior deve ser lido com ressalvas, pois há quem defenda que o religioso teria reescrito o roteiro de forma a valorizar sua própria participação na cena (o que não anula sua importância enquanto documento histórico, mas deixa claro que o mesmo contém inconsistências que devem ser pontuadas). Seu relato, como testemunha ocular dos fatos no 7 de setembro de 1822, ainda hoje instigam debates entre os historiadores, alguns creditando o que está escrito, e outros, duvidando da autenticidade do que ficou registrado. Padre Belchior foi eleito em 1823 para participar da elaboração da primeira Constituição brasileira, que deveria ser elaborada numa Assembleia Constituinte. As tentativas de limitar os poderes do imperador culminaram com a intervenção de D. Pedro I que mandou dissolver (fechar) a Assembleia Constituinte em 12 de novembro de 1823, episódio que entrou para a História como a "Noite da Agonia". O Padre Belchior, juntamente com José Bonifácio, Martim Francisco e outros, foram presos e deportados para a França. Seis anos ele permaneceu no exílio, até 1829. Retornando, reassumiu seu cargo de pároco em Pitangui, cidade mineira. Padre Belchior dá seu nome a uma das ruas de Belo Horizonte, e faleceu em 12 de junho de 1856. Sua condição de maçon impediu seu sepultamento no interior da Matriz de Pitangui, sendo colocado seus restos mortais entre as escadarias do adro e as da Matriz. O pesquisador e presidente do Instituto Histórico de Pitangui (IHP), José Raimundo Machado, discorda dessa versão e sustenta que o corpo de Belchior foi sepultado dentro da antiga matriz de Pitangui, que foi totalmente destruída por um incêndio em 28 de janeiro de 1914; e que depois disso, os restos mortais foram levados para a escadaria frontal da nova igreja matriz. O sobrado onde o padre viveu está sendo restaurado e deverá abrigar a sede da prefeitura de Pitangui. 🙋‍♂️🏛️

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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

18.08.22 - FALTAM 20 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣2️⃣0️⃣ 🎉🇧🇷

🕰️👀 Testemunhas oculares sempre fascinaram os historiadores pela riqueza de detalhes que podem ser encontrados em seus relatos deixados para a posteridade. Mas o encanto acaba quando percebemos que mais importante do que ler as linhas é perceber o que há de fato nas entrelinhas, naquilo que não foi escrito, ou nos porquês daquele escrito. A narrativa por si mesma, ainda que venha que alguém que vivenciou um fato histórico, não é o suficiente para abalizar determinado juízo ou valor em relação à veracidade da fonte que é oferecida. Vejamos o caso do padre Belchior Pinheiro de Oliveira, uma das pessoas que estavam com D. Pedro quando este fez a famosa declaração de Independência do Brasil. Padre Belchior era filho do Capitão Belchior Pinheiro de Oliveira e D. Floriana Rosa de Oliveira. Nasceu no Tejuco, hoje Diamantina, portal do Vale do Jequitinhonha, a 8 de dezembro de 1778 e foi batizado a 23 de dezembro do mesmo ano, antevéspera do Natal, na Capela de Santo Antônio do Tejuco. Estudou no Seminário de Mariana e foi ordenado, em 21 de dezembro de 1798, no Oratório do Paço Episcopal de São Paulo, por D. Mateus de Abreu Pereira. Estudioso e dedicadíssimo às leituras bíblicas recebeu licença para estudar Cânones e Direito Civil, em Coimbra, onde se torna bacharel, em 5 de julho de 1809. Ao retomar ao Brasil, logo após seu bacharelado em 1809, é iniciado na Maçonaria, da qual recebe fortes influências. Pelas suas andanças e pela sua militância política, chegou a ser indicado deputado pela Província de Minas às Cortes de Lisboa, honraria que recusou, quando assinou, em 25 de fevereiro de 1821, documento à Junta Governativa, negando-se a ir à Metrópole. Ao ingressar no Clube da Resistência, ao lado de José Joaquim da Rocha, ali, nas reuniões na casa deste, conhece e torna-se amigo de D. Pedro, fazendo-se seu confidente e mentor intelectual. O Regente, afável quando necessário, passa a convidar o Padre Belchior a acompanhá-lo em suas andanças e viagens de pacificação. Veio, segundo registros históricos, a Vila Rica, em março de 1822. Novamente, acompanhou o Príncipe Regente Pedro, na memorável viagem a Santos, em agosto de 1822. Com ele, estava às 16 horas do dia 7 de setembro. O depoimento do Padre Belchior, escrito quatro anos depois dos fatos, não faz nenhuma menção ao famoso "grito do Ipiranga". Acompanhe o que escreveu padre Belchior:

"Dom Pedro, tremendo de raiva, arrancou de suas mãos os papéis, e, amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse: E agora Padre Belchior?, indaga o Príncipe Pedro.

– Se Vossa Alteza não se faz Rei do Brasil, será prisioneiro das Cortes e talvez deserdado por elas. Não há outro caminho senão a Independência, responde Belchior de imediato.
– Padre Belchior diz o Príncipe Pedro, eles querem e terão sua conta. As Cortes me perseguem, chamam-me com desprezo, ‘rapazinho brasileiro’. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero do Governo Português e proclamo, para sempre, o Brasil separado de Portugal”.

📖✍️ Diálogo às margens do Riacho Ipiranga, São Paulo, em 7 de setembro de 1822

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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

17.08.22 - FALTAM 21 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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📖✍️ Quem conta um conto, aumenta um ponto. É muito provável que você conheça esta frase, que resume de maneira didática um dos grandes desafios de quem estuda o passado: como comprovar a narrativa sobre determinado fato ou personagem, sem cair na repetição de uma mentira ou algo que nunca aconteceu? É claro que enquanto ciência, a História possui uma metodologia própria para lidar com os fatos passados, que são estudados a partir das fontes históricas, sejam elas, escritas, não-escritas ou testemunhos orais. Cabe ao historiador, analisar cuidadosamente os registros deixados sobre os fatos históricos, para tirar deles as conclusões necessárias para reescrever o passado, respeitando o contexto histórico e o desenrolar do processo histórico. Não é uma tarefa fácil, requer perspicácia para não cair nas armadilhas do anacronismo, que é olhar para o passado com a visão do presente, e fazer uma leitura equivocada dos fatos. Quando se trata de um tema que suscita todo um imaginário construído durante anos para legitimar o poder de um grupo, fica mais difícil ainda separar o fato do mito, o acontecido do imaginado, o real do ideal. Com a Independência do Brasil não foi diferente. A maioria das pessoas, por exemplo, convencionou-se a imaginar o cenário da Independência como sendo o retratado no quadro "O Grito do Ipiranga" do pintor paraibano Pedro Américo, sem saber que o mesmo se valeu de "licenças poéticas" para compor sua obra de arte, que tinha um propósito muito distinto do que se espera de alguém que esteja realmente interessado em descrever um fato histórico. Acontecimentos históricos são acompanhados por pessoas, que se tornam testemunhas oculares, e algumas delas deixam relatos escritos para a posteridade, e estes textos podem trazer a luz que faltava para elucidar lacunas deixadas por narrativas que foram construídas propositadamente para enaltecer alguém (ou algo), legitimar atos de pessoas ou ideias por ela defendidas, desqualificar a ação de indivíduos e/ou de grupos num determinado processo histórico, ou simplesmente apagar a participação de grupos ou personagens que defenderam princípios contrários aos dos que detêm o controle da escrita historiográfica. Quem foram então, as pessoas que testemunharam os fatos ocorridos naquele distante 7 de setembro de 1822? O que eles escreveram a respeito disso? E até que ponto seus relatos podem ser tomados como creditáveis e fiéis ao que de fato aconteceu? É nessa seara embaraçosa e desafiando a linha tênue entre o fato e a ficção que vamos nas próximas postagens conhecer quem foram as testemunhas oculares da Independência do Brasil e o que elas escreveram a respeito. Começando pelos seus nomes: padre Belchior Pinheiro de Oliveira, alferes Francisco de Castro Canto e Melo (irmão da Marquesa de Santos, a principal amante do imperador), e o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo. Acompanhem as próximas postagens. 💻🧐

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terça-feira, 16 de agosto de 2022

16.08 22 - FALTAM 22 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🎼✍️ Num dia como hoje, 16 de agosto, há 200 anos, Evaristo da Veiga, compôs o Hino Constitucional Brasiliense – musicado pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal (1760-1830) – cujos versos seriam incorporados anos mais tarde ao Hino da Independência, musicalizado pelo próprio D. Pedro I. Vale lembrar que Evaristo da Veiga compõs a letra dele dois dias após a partida de D. Pedro para a província de São Paulo, onde deveria resolver contendas entre as oligarquias paulistas e os irmãos Andrada. Evaristo Ferreira da Veiga e Barros era poeta, jornalista, político e livreiro. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 8 de outubro de 1799 e faleceu na mesma cidade em 12 de maio de 1837. Em 1823, Evaristo inaugurou sua livraria, na rua da Quitanda. Publicou seus primeiros versos. Sua Livraria, não era apenas uma livraria, mas se tornou um ponto de reunião e debate. Para o desgosto dos liberais, a Constituição de 1824 dera ao imperador excessiva autoridade, e as discussões eram frequentes. Em 1827 ingressou no jornal “Aurora Fluminense”, de oposição ao governo, difusor de ideias constitucionalistas e liberais. Logo tornou-se proprietário, escrevendo todos os artigos. Nesse mesmo ano casa-se com Ideltrudes d'Ascensão. Em 1831 foi eleito deputado pela província de Minas Gerais, sendo reeleito por três mandatos. Fez oposição aos irmãos Andradas e apoiou a nomeação de Diogo Antônio Feijó, como Ministro da Justiça, indicado pelo partido Liberal. Evaristo da Veiga foi membro fundador da Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência Nacional, precursora do Partido Moderado. Foi membro do Instituto Histórico de França e da Arcádia de Roma. Em 1937 voltou ao Rio de Janeiro. Fechou seu jornal, passando a se dedicar à literatura, tornando-se um dos precursores do Romantismo no Brasil. Suas poesias só foram publicadas em 1915, nos anais da Biblioteca Nacional, vol. XXXIII. Evaristo da Veiga é o patrono da cadeira n° 10 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Rui Barbosa. O Hino da Independência, cuja letra é de autoria de Evaristo da Veiga, só foi musicalizado depois dos feitos de sete de setembro de 1822. No ano de 1922, data que marcava a comemoração do centenário da independência, o hino foi novamente executado com a melodia criada pelo maestro Marcos Antônio. Somente na década de 1930, graças à ação do ministro Gustavo Capanema, que o Hino da Independência foi finalmente regulamentado em sua forma e autoria. Contando com a ajuda do maestro Heitor Villa-Lobos, a melodia composta por D. Pedro I foi dada como a única a ser utilizada na execução do referido hino. 🎻🎶

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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

15.08.22 - FALTAM 23 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🙋‍♂️🙋🏼‍♀️ Os paraenses comemoram hoje, 15 de agosto, sua data magna – aquela que é mais importante para cada Estado da Federação –, é o dia da Adesão do Pará à emancipação política do Brasil em relação a Portugal (expressão que melhor define o que a maioria chama de "Independência do Brasil". O Pará, ou melhor, Grão-Pará, era a única província que não reconhecia a Independência do Brasil no segundo semestre de 1823 (os baianos haviam expulsado as tropas de Madeira de Melo de Salvador em 2 de julho, após acirrada resistência que culminou numa guerra que durou mais de um ano). As demais províncias que haviam se rebelado (Maranhão, Piauí, Cisplatina) já haviam sido derrotadas pelas tropas legais ao recém-criado Império Brasileiro, que contava com mercenários estrangeiros em suas fileiras, como Pierre Labatut, Lord Cochrane, e John Grenfell. E foi justamente este último que no dia 11 de agosto de 1823 desembarcou em terras paraenses trazendo consigo um documento ameaçando bombardear Belém com uma esquedra ancorada em Salinas e sitiar seu porto, caso resistisse à emancipação brasileira. Receosas de um ataque fatal para a cidade, as autoridades locais, sentindo-se intimidadas preferiram assinar o documento de adesão, embora tudo não passasse de um blefe de Grenfell: não havia nenhuma esquadra pronta para atacar a província. Tarde demais para os paraenses, que no dia 15 de agosto de 1823, portanto há 199 anos completados hoje, assinaram o documento de adesão no Palácio Lauro Sodré, que era a sede da colônia portuguesa na época. Após a assinatura da adesão, que mais soou para a população local como um ato covarde de rendição, o povo se revoltou e três meses depois houve uma manifestação, onde atualmente é a praça Dom Frei Caetano Brandão. A principal reivindição era a igualdade de direitos entre os brasileiros e portugueses. Grenfell não teve habilidade política para lidar com a situação e recorreu ao autoritarismo militar. Várias prisões foram feitas, mesmo que fossem pessoas sem nenhuma relação com o levante, bastava ser suspeito de participar dela. Nem o cônego Batista Campos escapou da repressão, sendo amarrado a boca de um canhão, e ameaçado de ser destroçado aos pedaços, pois Grenfell acredita que ele era o líder da revolta. Após sucessivos apelos da população, o cônego foi solto, mas uma tragédia maior ainda estava por acontecer. Na Baía do Guajará, 256 manifestantes foram aprisionados no porão de um navio e morreram asfixiados. A embarcação ficou conhecida como Brigue Palhaço, por conta da fisionomia dos manifestantes mortos ali no porão, com os rostos esbranquiçados que lembravam palhaços. Grenfell foi julgado e inocentado desse massacre. Treze anos depois, os paraenses pegariam em armas novamente contra o governo central que ficava no Rio de Janeiro. Era a Revolta da Cabanagem, uma das mais populares do período regencial brasileiro. Por ser a última província a aderir à Independência, a estrela que representa o Pará na bandeira do Brasil, é a única que fica acima da faixa com a inscrição "ordem e progresso". ⭐🇧🇷

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domingo, 14 de agosto de 2022

14.08.22 - FALTAM 24 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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⚜️🐴 Num dia como hoje, 14 de agosto, há exatos 200 anos começava a viagem de D. Pedro, então príncipe-regente, do Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, para a província de São Paulo, onde tentaria resolver desentendimentos entre as oligarquias locais e o clã dos Andrada e Silva, da qual o mais famoso é, sem dúvidas, José Bonifácio, considerado o Patriarca da Independência. As rusgas aumentaram após a Bernarda de Bernarda de Francisco Inácio (23 de maio de 1822) que colocou em lados opostos Francisco Ignácio de Souza Queiroz e João Carlos Oeynhausen Grevembourg, que presidiam a junta do então governo paulista, e os irmãos Martim Francisco e José Bonifácio. Feita a cavalo em alguns trechos e em mula em outros, ao longo de 12 dias, a viagem tinha como objetivo consolidar o apoio da província aos planos do monarca para o Brasil, cuja independência se tornava cada vez mais iminente. A viagem ocorreu depois de uma bem-sucedida passagem dele por Minas Gerais, que garantiu ao príncipe o abastecimento e o envio de tropas ao Rio de Janeiro em caso de guerra, e após a convocação de uma Assembleia Constituinte no território. Foram percorridas por D. Pedro e sua comitiva, a cavalo, no primeiro dia de viagem, onze léguas (légua de 6.600 m), tendo pousado na fazenda de Santa Cruz (residência de verão da família real, a oeste do Rio). No dia 15, a segunda parada foi na fazenda da Olaria (lugar hoje submerso pela represa de Lajes - município de Rio Claro - RJ). Em 16, o príncipe regente entra em território paulista, em mulas e cavalos, vai para a fazenda das Três Barras, em Bananal. Depois de passar por Bom de Jesus do Bananal e São João do Barreiro, dorme em São Miguel das Areias, tendo partido com novos animais e com a guarda de honra formada por moradores do Vale do Paraíba. Passou por Silveiras e jantou no Porto de Santo Antônio da Cachoeira e, no dia 18, chegou a Lorena, onde por decreto dissolveu o governo provisório, assumindo efetivamente o governo da Província de São Paulo. Dia 19, pousou em Guaratinguetá, onde recebe "ótimas cavalgaduras para toda a comitiva, sempre mais numerosa", e vai rezar na Igreja de Aparecida. Em 20 de agosto, descansou em Pindamonhangaba. No dia 21, em São Francisco das Chagas de Taubaté, foi recebido com grande efusão e, no dia seguinte, chegou à vila de Nossa Senhora da Conceição do Rio Paraíba de Jacareí. Depois de passar pela vila de São José do Paraíba (hoje São José dos Campos), chegou, em 23, na vila de Santana de Mogi das Cruzes, tendo nessa localidade recusado a receber emissários do governo paulista dissolvido e da Câmara, nomeando governador das Armas de São Paulo o marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa. Finalmente, após 634 km, em 12 dias, chega em 24 de agosto, a Penha de França, onde fez o seu último pouso antes de entrar em São Paulo. Na manhã de 25, participa de missa na capela de Nossa Senhora da Penha, logo após segue para a Capital. Na Sé, assiste, com sua comitiva, à solene Te Deum e depois recebe o beija-mão de autoridades e do povo. Permanece alguns dias na Capital, nesse período conhece D. Domitila de Castro e Mello, a futura marquesa de Santos, e principal paixão do futuro imperador. ❤️🤴

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sábado, 13 de agosto de 2022

13.08.22 - FALTAM 25 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣2️⃣5️⃣ 🎉🇧🇷

📜✍️ A cada dia que se aproxima do sete de setembro, novos acontecimentos vão precipitando o grito de Independência, cada vez mais urgente, haja visto as pressões externas das Cortes de Lisboa para que D. Pedro retornasse a Portugal e a instabilidade política em algumas províncias que já previam este rompimento, mas cujos arranjos partidários locais ainda não estavam totalmente estabelecidos. A província de São Paulo era um exemplo disso. Já mencionamos nesta contagem regressiva a Bernarda de Francisco Inácio (23 de maio de 1822) que desencadeou um levante contra os irmãos Andrada. E foi para pôr um fim às agitações políticas paulistas e costurar alianças para a Independência que D. Pedro partiu para São Paulo no dia 14 de agosto de 1822, mas no dia anterior deixou um dcreto assinado, determinando que, em sua ausência, a princesa Leopoldina presidiria ao despacho de expediente e às sessões do Conselho de Estado, isso há exatos 200 anos completados hoje. A íntegra do decreto pode ser lida abaixo:

Decreto de 13 de Agosto de 1822

Determina que, na ausência do Principe Regente, prezida a princeza real ao despacho do expediente e às sessões do Conselho de Estado.

Tendo de ausentar-me desta capital por mais de uma semana para ir visitar a província de São Paulo, e cumprindo, a bem de seus habitantes, e da segurança e tranquilidade individual e pública, que o expediente dos negócios não padeça com esta minha ausência temporária, hei por bem que os meus ministros e secretários de estado continuem nos dias prescritos, e dentro do paço, como até agora, debaixo da presidência da princesa real do Reino Unido, minha muito amada e prezada esposa, no despacho de expediente ordinário das diversas secretarias do estado e repartições públicas que será expedido em meu nome, como si presente fora: e hei por bem outrossim que o meu Conselho de Estado possa continuar igualmente as sessões nos dias determinados ou quando preciso for, debaixo da presidência da mesma princesa real, a qual fica desde já autorizada para, com os referidos ministros e secretários do estado, tomar todas as medidas necessárias e urgentes ao bem e salvação do estado; e de tudo que me dará imediatamente parte para receber a minha aprovação e ratificação, pois espero que nada obstará que não seja conforme às leis existentes e aos sólidos interesses do estado.

O ministro e secretário de estado dos Negócios do Reino e Estrangeiros o tenham assim entendido e faça executar os despachos necessários.

Palácio do Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1822

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sexta-feira, 12 de agosto de 2022

12.08.22 - FALTAM 26 DIAS PARA BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣2️⃣6️⃣ 🎉🇧🇷

🕰️📆 A data de 12 de agosto está relacionada a pelo menos três acontecimentos relacionados com o processo de emancipação política do Brasil e seus desdobramentos. Por ordem cronológica (do mais antigo para o mais recente), podemos citar o início da Conjuração Baiana em 1798 na cidade de Salvador, a criação da Academia Nacional de Belas Artes por D. João VI em 1816, e a criação do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga em 1969 (decreto esttadual Nº 52.281). Não são apenas fatos e lugares relacionados à memória da Independência do Brasil, mas também elementos importantes na composição do que seria o Brasil-Nação formatado a partir dos eventos de 1822. A Conjuração Baiana, também chamada de Revolta de Búzios ou Revolta dos Alfaiates, foi a primeira revolta colonial que teve ampla participação popular (ao contrário da sua antecessora em Minas Gerais, composta em sua maioria por famílias ricas e abastadas), cuja pauta pontuava mudanças sociais expressivas para a época, como a abolição da escravatura. Destaque também para a presença da Maçonaria nesse levante, através da Loja Maçônica Cavaleiros da Luz. A Conjuração Baiana foi sufocada (um eufemismo para duramente reprimida) e seus principais líderes enforcados. A Academia Nacional de Belas Artes, na verdade, foi um desdobramento da vinda da missão artística francesa para o Brasil, da qual vieram Jean Baptiste Debret, Marc Ferrez Félix Èmile Taunay, Zephyrin Ferrez, entre outros artistas. Seu primeiro nome foi Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, mas não chegou a funcionar e, em 12 de outubro de 1820, recebe nova denominação – Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil. Novamente a escola não funciona, e finalmente em 23 de novembro de 1820, há a criação de uma escola de ensino artístico com o nome de Academia de Belas Artes, com aulas de desenho, pintura, escultura e medalha. O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, também conhecido como Parque do Estado ou Parque da Água Funda, o PEFI tem sua origem no século XIX, precisamente em 12 de setembro de 1893. A partir da Lei de 17 de agosto de 1892 que autorizava o reforço do abastecimento de água em São Paulo, resultou o Decreto Estadual nº 204 de 12 de setembro de 1893 que declarou de utilidade pública os terrenos da Bacia do Ribeirão Ipiranga, pertencente à época a diversos proprietários. O parque inicialmente englobava uma área de 6.969.000 metros quadrados, era portanto 22% maior do que é hoje. A região possui importância histórica considerável, pois que abriga as nascentes do riacho Ipiranga, sempre mencionado quanto ao local onde D. Pedro teria anunciado oficialmente o rompimento dos laços coloniais entre Brasil e Portugal. 🤴👊

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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

11.08.22 - FALTAM 27 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣2️⃣7️⃣ 🎉🇧🇷

🧐🤥 O chanceller alemão Otto von Bismarck dizia que "nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada". E foi com uma mentira que capitão inglês John Pascoe Greenfell conseguiu a rendição de Belém, capital da província do Grão-Pará em 15 de agosto de 1823, após uma assembleia no Palácio Lauro Sodré, sede da Colônia Portuguesa à época, atual sede do Governo do Pará. Num dia como hoje, 11 de agosto, há exatos 199 anos, Greenfell ancorou seu navio – o mesmo brigue São Miguel que fora capturado em São Luís no Maranhão e rebatizado com o nome de Maranhão – na baía do Guajará em frente à cidade de Belém. Ele mandou um emissário ao governo paraense com um ofício de Thomas Cochrane, almirante escocês que havia debelado a resistência no Maranhão, ameaçando bombardear a cidade de Belém e sitiar o seu porto. Os portugueses que resistiam à Independência no Grão-Pará ficaram apreensivos das consequências caso desobedecem às intimidações de Greenfell e Cochrane; mas o que eles não sabiam era que apenas um navio estava mesmo em Belém (os demais tinham ficado para trás, no Maranhão). A capitulação (rendição) veio quatro dias depois, mas teve um preço amargo e cruel. A instabilidade política na província provocou uma convulsão social e Belém mergulhou numa caos com cenas de vandalismo por toda a cidade. Nem Greenfell escapou da violência, sendo esfaqueado nas costelas por um português (ele sobreviveu ao atentado). Mas um dos episódios mais fatídicos da Guerra pela Independência no Grão-Pará se deu em 20 de outubro de 1823, quando 256 pessoas foram presas pelo próprio Greenfell no porão do brigue São José Diligente (depois rebatizado como brigue Palhaço). Os prisioneiros ficaram amontoados uns sobre os outros, e o comandante do navio ordenou que fechassem as escotilhas e ficassem apenas uma fresta aberta para entrar ar. Sem ar e com sede, bateu o desespero nos prisioneiros, que lutavam para sair do porão, sendo recebidos a tiros e com pás de cal virgem sobre eles pelos soldados. Após duas horas, nenhum barulho foi ouvido, e apenas na manhã do dia seguinte se teve noção da tragédia: dos 256 que estavam no porão, apenas 4 estavam vivos, e foram socorridos, porém apenas um conseguiu sobreviver, um rapaz de 20 anos. Os cadáveres foram retirados do navio e transportados para a margem esquerda da baía do Guajará onde foram sepultados numa vala comum. Foi o primeiro massacre do Estado brasileiro contra seu próprio povo no processo de emancipação política. Greenfell continuou na Marinha brasileira, foi julgado, mas inocentado da tragédia no brigue Palhaço. 😠⚖️

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quarta-feira, 10 de agosto de 2022

10.08.22 - FALTAM 28 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣2️⃣8️⃣ 🎉🇧🇷

📜🧐 O reconhecimento interno da separação política do Brasil em relação a Portugal no Grão-Pará merece um capítulo à parte quando vamos contar como se deu o processo de emancipação política. O Grão-Pará foi a última província a reconhecer a Independência do Brasil, e o fez em 15 de agosto de 1823, após as ameaças de bombardeio da esquadra naval imperial sob o comando do capitão inglês John Pascoe Greenfell, e conflitos internos locais. As províncias do Norte, formadas pelo Maranhão, Piauí e pelo Grão-Pará, estavam mais ligadas a Portugal do que às províncias do Sul. Assim, quando foi proclamada a Independência, preferiram se manter fiéis a Lisboa. No seu período áureo, a província do Grão-Pará sua abrangia os atuais Estados do Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas, Amapá e Roraima. Na província do Grão-Pará, mesmo antes da Independência já havia lutas entre a população e a junta governativa. O ano de 1823 marcou o auge dos conflitos. A verdade é que a província do Grão-Pará sempre se mostrou um como um território à parte da colônia brasileira. E nisso pesou também fatores geográficos, pois por ser mais ao norte do país, era muito mais fácil para os paraenses se reportarem diretamente à Lisboa, se valendo das correntes marítimas, do que para o Rio de Janeiro, então capital brasileira. Para se ter uma ideia, as notícias vindas de Portugal chegavam primeiro em Belém, maior cidade do Grão-Pará, do que no Rio de Janeiro. Não é de se estranhar que foi o Grão-Pará a primeira província brasileira a aderir à causa da Revolução Liberal do Porto de 1820, inclusive com a eleição precipitada de dois representantes para as Cortes de Lisboa: o militar Domingos Simões da Cunha e o estudante Felipe Alberto Patroni, que é considerado o primeiro constitucionalista do Brasil. Patroni foi um dos primeiros paraenses a defenderem abertamente a separação do Brasil de Portugal, e junto com Simões da Cunha e outro sócio eles compraram uma tipografia em Lisboa e conseguiram mandar para Belém, passando a publicar o primeiro jornal na província: "O Paraense", que já começou provocando polêmica pois no primeiro número, publicado em 22 de maio de 1822, defendeu a separação do Grão-Pará em relação a Portugal e a junção do Grão-Pará com a província do Rio Negro (já se separado do Grão-Pará em 1821). Além de criticar duramente o comandante de armas da província: José Maria de Moura. Com tudo isso, as tensões na província do Grão-Pará tenderiam apenas a crescer e explodiriam com força em 1823, um ano após a proclamação da Independência em São Paulo, por D. Pedro. 😠⚔️💣

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terça-feira, 9 de agosto de 2022

09.08.22 - FALTAM 29 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣2️⃣9️⃣ 🎉🇧🇷

😵🖤 Dentro das comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, um fato chama a atenção: o translado do coração de D. Pedro I da cidade do Porto para o Brasil, onde deverá ser exposto e possivelmente ovacionado pelas autoridades num afã de dar às comemorações ares de um suposto patriotismo, que pode culminar num espetáculo de idolatria mórbida e necrófila. A peça anatômica do imperador deverá retornar para sua cidade de origem, num trajeto repleto de circunstâncias que podem ser danosas para uma relíquia (se é que possamos chamar assim) de Repetindo a mesma farsa pantomímica de 1972, quando Emílio Garrastazu Médici mandou trazer os restos mortais de D. Pedro I e de suas duas esposas para as comemorações dos 150 anos da Independência, o atual governo investe numa narrativa histórica positivista de enaltecer personagens históricos alçando-os ao panteão de heróis, como se a História fosse feita por indivíduos e não pela ação coletiva das pessoas em sociedade. A apropriação de uma narrativa histórica para satisfazer aos que estão no poder tem sido uma estratégia muito usada atualmente para justificar um pretenso patriotismo alienado e desprovido de uma reflexão à luz das ciências humanas e sociais sobre os sentidos e significados da emancipação política brasileira. A efeméride dos 200 anos da Independência é uma oportunidade ímpar para refletir sobre estas questões do que fomos nesses dois séculos e do que queremos vir a ser nos próximos 200 anos! 📖🧐

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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

08.08.22 - FALTAM 30 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣3️⃣0️⃣ 🎉🇧🇷

🕰️📆 30 dias nos separam do Bicentenário da Independência a ser celebrado no próximo dia 7 de setembro, uma das mais importantes efemérides históricas dos últimos anos, comparável apenas aos 500 anos da Chegada da Esquadra de Cabral ao Brasil em 2000 ou aos 130 anos da proclamação da República em 2019. Apesar da importância que a data merece, pouco tem sido feito para comemorá-la adequadamente. Resumidamente, podemos alencar pelo menos cinco eventos relacionados com as comemorações do Bicentenário: a reinauguração do Museu do Ipiranga (Museu Paulista da Universidade de São Paulo, nome oficial), a transladação do coração de Dom Pedro I da cidade do Porto para o Brasil, a criação do website Itinerários Virtuais da Independência, e o lançamento de duas moedas moedas comemorativas para colecionadores pelo Banco Central, sendo uma delas a primeira moeda brasileira com detalhes coloridos em um dos lados feita a partir de cuproníquel (liga de cobre e de níquel). Várias universidades e faculdades fizeram seminários temáticos sobre o Bicentenário, alguns deles disponíveis nos canais de Youtube das mesmas. Nesse segmento uma boa opção é acompanhar o Portal do Bicentenário no Youtube. A Rede Bandeirantes de Televisão foi a pioneira entre os canais abertos a se manifestar sobre o tema e desde o começo do ano vem exibindo em seus telejornais uma série de reportagens denominada "Band nos 200 Anos da Independência" gravada em vários locais onde se passaram fatos históricos importantes para o processo de emancipação política, como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e cidades históricas mineiras, por exemplo. A série foi acompanhada de debates com historiadores, pesquisadores e professores no programa de entrevistas "Canal Livre" (todo esse material pode ser conferido no canal do Youtube da emissora. O canal History Channel Brasil e a TV Brasil já acenaram para programas especiais sobre o tema nos próximos dias com figuras conhecidas como o jornalista gaúcho Eduardo Bueno e o escritor Paulo Rezutti, autor das biografias de D. Pedro I e Maria Leopoldina (relançadas pela Editora Leya devidamente atualizadas. O livro 1822, do escritor Laurentino Gomes também deve ganhar uma reedição especial para o Bicentenário pela Globo Livros. Enumerar as publicações que vem sendo lançadas sobre os 200 anos da Independência demandaria um espaço demasiado grande para esta postagem, mas que fique aqui registrado pelo menos duas obras que considero relevantes: o "Almanaque do Brasil nos tempos da Independência" de Jurandir Malerba (Ática) e o "Independência do Brasil" de Paulo Pimenta (Contexto), livros que oferecem uma visão oportuna e abrangente do que foi a nossa Independência, seus sentidos e limites. 📖🧐

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👉 Para acessar o website Itinerários Virtuais da Independência, clique no link abaixo:


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domingo, 7 de agosto de 2022

07.08.22 - FALTAM 31 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣3️⃣1️⃣ 🎉🇧🇷

🎂🥳 200 anos não são 200 dias, e bicentenário que se preze deve ser celebrado como merece. É claro que nem todos concordam com as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil (assim como houve quem questionou as comemorações dos 500 anos da chegada de Cabral e os 500 anos da chegada de Colombo nas Américas), mas é um momento ímpar para refletir sobre o processo de emancipação política – particularmente prefiro essa expressão do que "independência do Brasil" por ser mais adequada ao contexto histórico da época –, e quais os desdobramentos que ele trouxe até os nossos dias. Não se trata, portanto, de se fazer loas a personagens isolados como D. Pedro I, José Bonifácio ou Maria Leopoldina, nem de ignorar que a emancipação política foi conquistada a ferro e sangue em algumas províncias, mas de provocar nas pessoas a discussão e o debate acerca dos sentidos e significados dessa separação política, que mais pareceu um arranjo político entre as oligarquias agrárias escravistas, receosas de uma revolta popular inspirada no movimento revolucionário do Haiti, com um herdeiro da coroa real portuguesa, disposto a levar a frente um projeto que mantivesse a unidade territorial brasileira, sem grandes mudanças na estrutura social e no status quo da maioria da população. Ao contrário do que a gente percebe quando lê sobre as comemorações do centenário da Independência em 1922, na época do governo de Epitácio Pessoa, vemos o qual foi diferente a reação da população a respeito do tema. Vale salientar que 1922 foi o ano da Semana de Arte Moderna, que propôs a formação de uma concepção artística mais nacionalista, que rompesse com os modelos impostos pelos estrangeirismos (sem esquecer é claro da primeira manifestação do movimento tenentista que foi a Revolta do Forte de Copacabana em 4 de julho). Assistimos atualmente uma população apática em relação ao tema do Bicentenário da Independência, que para muitos vai ser mais um feriado, desprovido de sentido, sem importância, ou qualquer significado. O que esperar do sete de setembro de 2022? Um coração translado e mumificado do primeiro imperador do Brasil? Que será devolvido assim que terminar as comemorações?! O que se produziu de bom e se fez valer a pena por causa do Bicentenário? Quais as iniciativas foram desenvolvidas em torno dele? (aguardem as próximas postagens) 🤔❓

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sábado, 6 de agosto de 2022

06.08.22 - FALTAM 32 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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📜👑 Há exatos duzentos anos, D. Pedro divulgou um manifesto dirigido às nações estrangeiras, no qual justifica sua conduta à frente do governo do Rio de Janeiro e pedia seu reconhecimento internacional. O manifesto de seis de agosto defendia a proclamação política da "Independência do Brasil, mas como reino irmão do português". Em seu primeiro parágrafo, o manifesto anunciava “Está acabado o tempo de enganar os homens. (…) As Cortes de Lisboa forçaram as Províncias do Sul do Brasil a sacudir o jugo, que lhes preparavam; foi por assim pensar que eu agora já vejo reunido todo o Brasil em torno de mim; requerendo-me a defesa de seus direitos, e a manutenção da sua Liberdade e Independência.” Ao final, ele concluía “Não se ouça pois entre vós outro grito que não seja – UNIÃO. Do Amazonas ao Prata não retumbe outro eco que não seja – INDEPENDÊNCIA.” – a íntegra do documento pode ser lido no portal da Câmara dos Deputados, cujo link deixaremos abaixo. Atribui-se a José Bonifácio a autoria da redação do texto que foi anunciado pelo príncipe-regente. Analisando bem, temos dois documentos importantes num curto período de tempo: o primeiro divulgado no dia 1° de agosto, escrito por Gonçalves Ledo, e que ficou conhecido como "Manifesto de Independência do Brasil" (ou carta de independência brasileira), voltado para um público mais interno, digamos, residentes aqui no Brasil; e o este segundo manifesto de 6 de agosto, verberado para um público mais externo, ou seja, voltado para a comunidade internacional. Apesar de defenderem a separação política do Brasil em relação a Portugal, convém destacar que ambos defendem a manutenção da união dos dois reinos. Na verdade, ao longo do ano de 1822 a ideia de separação não parou de crescer. À proporção que as Cortes tomavam medidas cerceando a autoridade do príncipe, a ideia de separação ganhava o sentido de rompimento definitivo e completo. A Independência seria apenas questão de tempo e de oportunidade. As Cortes, através de novos decretos, determinaram a revogação da convocação da Constituinte, a organização de um novo ministério e intimaram D. Pedro a voltar imediatamente a Portugal. As tensões entre D. Pedro e seus pares lusitanos aumentariam a ponto dele mesmo ser levado a decidir que ou declarava a Independência ou se curvava aos desígnios impostos por Lisboa e seus conterrâneos. 🤴⚜️

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👉 Para ler a íntegra do manifesto de D. Pedro dirigido às nações estrangeiras, acesse:


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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

05.08.22 - FALTAM 33 DIAS PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

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🤴⚜️ Agosto começou com D. Pedro mandando um recado direto para os portugueses: quaisquer navio estrangeiro, incluindo os de sua pátria materna, que adentrassem no Brasil sem sua permissão, seriam considerados inimigos de guerra. Mais claro do que isso? Impossível. Era uma declaração inequívoca aos seus pares sobre quem deveria mandar no Brasil, que desde 1815 nem mais colônia era, e sim um Reino Unido a Portugal e Algarves, uma medida tomada por seu pai, D. João VI, para Portugal não fazer feio na reunião das coroas mais absolutistas da Europa: o Congresso de Viena! Como se não bastasse, Joaquim Gonçalves Ledo – maçon e desafeto declarado de José Bonifácio, como já citamos em postagens anteriores – escreve o Manifesto de Independência do Brasil, que foi lido pelo próprio príncipe-regente. A essa altura dos acontecimentos, era inegável que o domínio metropolitano português sobre o Brasil estava com os dias contados. E mais dois passos importantes para isso seriam dados ainda em agosto de 1822: um manifesto dirigido às nações estrangeiras divulgado por D. Pedro no dia 6; e o início da viagem para São Paulo, no dia 14. Sem esquecer que foi também em agosto (dia 2) que D. Pedro foi iniciado na Maçonaria por José Bonifácio de Andrada e Silva na Loja Comércio e Artes no Rio de Janeiro. Seria um mês decisivo para os acontecimentos que marcariam a separação política entre a antiga colônia brasileira e a colonizadora metrópole lusitana. Laços que estavam muito próximos de serem rompidos. Amarras que, no entanto, ainda hoje deixaram suas consequências. 🤨👊

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06.09.22 - FALTA 1 DIA PARA O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

🇧🇷🎉 0️⃣0️⃣1️⃣ 🎉🇧🇷 📖✍️ E assim chegamos ao fim de uma jornada – que começou em 19 de fevereiro de 2022. Foram 200 dias de estudo, leit...