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🕰️👀 Testemunhas oculares sempre fascinaram os historiadores pela riqueza de detalhes que podem ser encontrados em seus relatos deixados para a posteridade. Mas o encanto acaba quando percebemos que mais importante do que ler as linhas é perceber o que há de fato nas entrelinhas, naquilo que não foi escrito, ou nos porquês daquele escrito. A narrativa por si mesma, ainda que venha que alguém que vivenciou um fato histórico, não é o suficiente para abalizar determinado juízo ou valor em relação à veracidade da fonte que é oferecida. Vejamos o caso do padre Belchior Pinheiro de Oliveira, uma das pessoas que estavam com D. Pedro quando este fez a famosa declaração de Independência do Brasil. Padre Belchior era filho do Capitão Belchior Pinheiro de Oliveira e D. Floriana Rosa de Oliveira. Nasceu no Tejuco, hoje Diamantina, portal do Vale do Jequitinhonha, a 8 de dezembro de 1778 e foi batizado a 23 de dezembro do mesmo ano, antevéspera do Natal, na Capela de Santo Antônio do Tejuco. Estudou no Seminário de Mariana e foi ordenado, em 21 de dezembro de 1798, no Oratório do Paço Episcopal de São Paulo, por D. Mateus de Abreu Pereira. Estudioso e dedicadíssimo às leituras bíblicas recebeu licença para estudar Cânones e Direito Civil, em Coimbra, onde se torna bacharel, em 5 de julho de 1809. Ao retomar ao Brasil, logo após seu bacharelado em 1809, é iniciado na Maçonaria, da qual recebe fortes influências. Pelas suas andanças e pela sua militância política, chegou a ser indicado deputado pela Província de Minas às Cortes de Lisboa, honraria que recusou, quando assinou, em 25 de fevereiro de 1821, documento à Junta Governativa, negando-se a ir à Metrópole. Ao ingressar no Clube da Resistência, ao lado de José Joaquim da Rocha, ali, nas reuniões na casa deste, conhece e torna-se amigo de D. Pedro, fazendo-se seu confidente e mentor intelectual. O Regente, afável quando necessário, passa a convidar o Padre Belchior a acompanhá-lo em suas andanças e viagens de pacificação. Veio, segundo registros históricos, a Vila Rica, em março de 1822. Novamente, acompanhou o Príncipe Regente Pedro, na memorável viagem a Santos, em agosto de 1822. Com ele, estava às 16 horas do dia 7 de setembro. O depoimento do Padre Belchior, escrito quatro anos depois dos fatos, não faz nenhuma menção ao famoso "grito do Ipiranga". Acompanhe o que escreveu padre Belchior:
"Dom Pedro, tremendo de raiva, arrancou de suas mãos os papéis, e, amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse: E agora Padre Belchior?, indaga o Príncipe Pedro.
– Se Vossa Alteza não se faz Rei do Brasil, será prisioneiro das Cortes e talvez deserdado por elas. Não há outro caminho senão a Independência, responde Belchior de imediato.
– Padre Belchior diz o Príncipe Pedro, eles querem e terão sua conta. As Cortes me perseguem, chamam-me com desprezo, ‘rapazinho brasileiro’. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero do Governo Português e proclamo, para sempre, o Brasil separado de Portugal”.
📖✍️ Diálogo às margens do Riacho Ipiranga, São Paulo, em 7 de setembro de 1822
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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