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📜🔍 A busca por relatos de pessoas que testemunharam os fatos daquele 7 de setembro de 1822, cujo bicentenário está a apenas 15 dias contando a partir de hoje, continua e chegamos a um terceiro personagem: o coronel Manuel Marcondes de Oliveira e Melo, mais tarde (o primeiro) barão de Pindamonhangaba, natural desta localidade e que acompanhou daí em diante D . Pedro na viagem a São Paulo e Santos como segundo comandante da Guarda de Honra. Manuel Marcondes escreveu o seu relato 40 anos após os acontecimentos (14/4/1862) a pedido do Dr. Mello Moraes. Seu relato confirma várias informações presentes em outros depoimentos registrados, tanto pelo padre Belchior, quanto pelo alferes Francisco Canto e Melo, já mencionados em postagens anteriores. São referendados pelo Manuel Marcondes que o príncipe-regente vinha mesmo montado em mulas (e não em cavalos, como sugere Pedro Américo em seu quadro "O Grito do Ipiranga"), e que ele estava mesmo com problemas de ordem intestinal. Mas o que mais chama a atenção quando lemos os textos deixados pelo Manuel Marcondes é que ele distingue dois momentos distintos do "grito do Ipiranga": um mais intimista, com poucas pessoas, provavelmente aquele em que D. Pedro joga ao chão as cartas e o padre Belchior as recolhe e dá para ele (já citamos isso em postagens anteriores), e um segundo grito, desta vez com mais oficialidade, digamos assim. Este segundo grito foi o que ficou materializado no imaginário popular que se construiu em torno dos fatos que se deram no 7 de setembro de 1822 em São Paulo, reforçado pelo quadro "O Grito do Ipiranga" do pintor paraibano Pedro Américo, que muitos observam como sendo uma "fotografia" do momento em que o príncipe-regente declarou o Brasil livre de Portugal, mas como já vimos anteriormente não passa de uma versão equivocada dos fatos, uma vez que o quadro apresenta várias inconsistências com o que é relatado por Belchior, Francisco de Melo e pelo próprio Manuel Marcondes. A construção de mitos e narrativas heroícas sobre fatos e personagens é muito comum e facilmente absorvida pela população sedenta de heróis capazes de resolver sozinhos todos os problemas do mundo – quando o processo histórico é uma construção coletiva e não resultado da ação individual de algumas pessoas. Fazer a leitura dos relatos deixados pelas testemunhas oculares da Independência é fazer também um exercício de interpretação sobre o que esses personagens pensavam e quais foram os sentidos e significados que este rompimento político com a Coroa Portuguesa teve para eles dentro do contexto histórico do início do século XIX. 🖐️🇵🇹
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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